70% das micro/pequenas indústrias afirmam que Selic alta é prejudicial

Diminuição da atividade econômica é um dos principais problemas para 45% dos empresários ouvidos pela pesquisa

Copom: Selic dispara para 12,75% ao ano
Foto: Ivonete Dainese
Copom: Selic dispara para 12,75% ao ano

Os efeitos da subida da taxa básica de juros (Selic) nos últimos meses têm afetado diversos setores da economia brasileira. A pesquisa Indicador de Atividade da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo, realizado pelo Datafolha, a pedido do Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias do Estado de São Paulo (SIMPI), apontou que 73% dos empresários ouvidos afirmaram que a alta da taxa de juros está prejudicando os negócios, e que apenas 27% não estão sentindo os efeitos da subida da Selic. Ainda de acordo com a pesquisa, a diminuição da atividade econômica é um dos principais problemas apontados pelos empresários entrevistados.

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Efeitos da taxa de juros nos negócios

A pesquisa apurou quais os impactos causados nas micro e pequenas indústrias pelas seguidas altas na taxa de juros. Entre os efeitos negativos mais citados, na avaliação dos dirigentes, estão o aumento no custo para financiar novos investimentos na empresa (52%); custo mais alto para consumidores em geral financiarem bens de consumo (50%); custo mais alto para clientes conseguirem capital de giro (49%); custo mais alto para consumidores em geral financiarem imóveis (49%); custo mais alto para utilizar cheque especial ou cartão de crédito (48%); custo mais alto para tomar empréstimos (47%); e diminuição da atividade econômica em geral (45%).

Inflação

Consultados sobre os reflexos da alta de juros na inflação, a maioria (68%) das MPI’s afirma que não houve impacto positivo da alta de juros na inflação e não dá para prever quando começará a baixar. Para 19%, a inflação no Brasil já começou a baixar e outros 12% avaliam que a inflação ainda não começou a baixar, mas irá baixar nos próximos meses. 

Capital de giro

Segundo a pesquisa, após alta de 40% para 48% entre fevereiro e março, a parcela de micro e pequenas indústrias com capital de giro insuficiente recuou para 41%, resultado igual ao registrado em janeiro deste ano. Outras 49% consideram que capital de giro atual é exatamente o que precisa e apenas 9% afirmam ser mais do que suficiente. 

Índice de satisfação

De acordo com o Índice de Satisfação com a economia do Brasil, que varia de 0 a 200, na perspectiva macroeconômica das micro e pequenas indústrias, o nível subiu de 88 pontos em fevereiro para 91 pontos em abril. 

Na avaliação do presidente do Simpi, Joseph Couri, a pesquisa mostra uma realidade ainda difícil para as micro e pequenas indústrias, com a elevação da taxa de juros, inflação em alta, custos cada vez maiores. “A justificativa para o aumento da taxa de juros que seria esfriar a atividade econômica para conter a alta da inflação na verdade ainda não surtiu o efeito esperado, o que tem sacrificado muito os negócios para a maioria das micro e pequenas indústrias, conforme mostra a pesquisa, com redução do capital de giro, suspensão ou adiamento de investimentos e dificuldade para obtenção de crédito”, enfatiza.