Servidores do Tesouro entram em greve na próxima segunda-feira (23)
Trabalhadores reivindicam reestruturação de carreiras e reajuste salarial para recompor perdas inflacionárias
Os servidores do Tesouro Nacional aprovaram, nesta terça-feira (17), greve por tempo indeterminado, com início na próxima segunda, dia 23. A decisão contou com o apoio de 71,5% dos participantes, em assembleia realizada pelo Unacon Sindical (Sindicato Nacional dos Auditores e Técnicos Federais de Finanças e Controle).
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Os trabalhadores protestam contra a ausência de uma proposta oficial do governo de reestruturação das carreiras de Finanças e Controle e em meio à aproximação do fim do prazo legal para recomposição salarial em ano eleitoral.
Também estão insatisfeitos com a sinalização do governo em conceder reajuste diferenciado às carreiras policiais e com a perda de 25% do poder de compra dos salários congelados desde janeiro de 2019.
"A greve é um último recurso, mas neste momento crítico em que o prazo legal para recomposição salarial em ano eleitoral se esgota e em que persiste a sinalização do governo de reajustes discriminando a carreira de Finanças e Controle, os servidores do Tesouro Nacional aprovaram a intensificação da mobilização", afirma o presidente do Unacon Sindical, Bráulio Cerqueira.
"Não abrimos mão de defender a nossa carreira e nossas instituições", acrescentou ele.
Segundo o sindicato, na última semana, 80% dos servidores do Tesouro que ocupam cargos e funções em comissão solicitaram exoneração coletiva.
Com isso, sobe para três o número de carreiras em greve. Servidores do Banco Central e do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) também estão de braços cruzados.
Funcionários da Controladoria-Geral da União (CGU) se reúnem nesta sexta-feira, em assembleia que pode decidir pela entrega de cargos e pela deliberação de greve.
A insatisfação do funcionalismo público ganhou força ainda no ano passado quando o presidente Jair Bolsonaro (PL) acenou aumento apenas para profissionais da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e agentes penitenciários, que compõem sua base eleitoral.
O próprio governo articulou que o Congresso Nacional reservasse R$ 1,7 bilhão no Orçamento para isso.
Depois, voltou atrás e passou a estudar um reajuste linear de 5% para todas as carreiras. A decisão ainda não foi oficializada.
O reajuste linear, porém, tem desagradado as carreiras policiais, que acusam Bolsonaro de traição.
Agora, uma das propostas em análise pelo governo é a de conceder um reajuste diferenciado aos policiais, além dos 5% para todo o funcionalismo. Outra opção é a de equiparar a carreira da Polícia Rodoviária Federal à da Polícia Federal e dar um reajuste menor aos agentes penitenciários.
Segundo o Painel Estatístico de Pessoal, o salário de um agente da PRF varia entre R$ 9,9 mil e R$ 16,5 mil, enquanto o de um agente da PF vai de R$ 12,5 mil até R$ 18,6 mil. Agentes do Departamento Penitenciário Nacional ganham entre R$ 5,6 mil a R$ 10,3 mil.