Inflação não para de subir e analistas já falam em juros de 14%
Em abril, índice ficou em 1,06%, o maior para o mês desde 1996. Alimentos e gasolina puxaram o indicador para cima
Puxado pelos preços de alimentos e combustíveis, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 1,06% em abril, informou o IBGE. Em quatro meses, o índice já atingiu 4,29%, superando o centro da meta da inflação (3,50%) estabelecida para o ano.
É a maior alta para abril desde 1996 (1,26%). O resultado indica desaceleração frente a março, quando o IPCA ficou em 1,62%, mas, em 12 meses, chegou a 12,13%.
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É o maior índice acumulado desde outubro de 2003, quando atingiu 13,98%. Economistas ouvidos pela Reuters esperavam alta de 1% em abril e 12,07% em 12 meses.
Os dados mostram uma alta de preços generalizada. O índice de difusão, que mostra o percentual de itens que subiram, foi para 78,25%. É o maior desde janeiro de 2003, quando foi de 85,94%.
Para analistas, o IPCA acima do esperado pode levar o juros a 14% ao ano. Atualmente, a Taxa Selic está em 12,75%. O Credit Suisse, que na terça-feira revisou sua projeção de inflação para 9,7% em 2022 e 5,1% em 2023, espera que o Banco Central leve os juros a 14%.
A MB Associados revisou o IPCA deste ano de 7,8% para 8,7%, e a Selic para 13,25%, mas com viés de alta.
" O BC, cada vez mais, está lidando com a inflação de forma isolada, porque a política fiscal e o cenário internacional não ajudam. O BC não tem muita alternativa. Provavelmente vai ter que subir mais um pouco, e não dá para descartar (que chegue a 14%)" afirma Sérgio Vale, economista-chefe da MB.
O Banco Original revisou o IPCA de 2022 de 7,7% para 9%. Marco Caruso, economista-chefe do banco, diz que a Selic deve ficar em 13,25%, mas por um tempo maior:
"O BC já entregou um ciclo alto, que vai começar a surtir efeito na inflação no segundo semestre. Faria sentido ele ir até 13,25% e parar para olhar. Esperamos que a taxa tenha que ficar nesse patamar por, pelo menos, um ano."
Alimentos e combustíveis seguem pressionando o indicador. Os principais impactos em abril vieram do grupo Alimentação e bebidas, que subiu 2,06%, e de Transportes, com alta de 1,91%. Juntos, os dois grupos contribuíram com cerca de 80% do IPCA de abril.
"Houve alta de mais de 10% no leite e em componentes importantes da cesta do consumidor, como batata-inglesa (18,28%), tomate (10,18%), óleo de soja (8,24%), pão francês (4,52%) e carnes (1,02%)", diz André Almeida, do IBGE.
Outra pressão veio dos combustíveis, que subiram 3,20%. Só a gasolina aumentou 2,48% em abril.