Inflação cresce 1,06% em abril, maior alta para o mês desde 1996

Preços dos alimentos e combustíveis pressionam índice, que chegou a 12,13% no acumulado em 12 meses

Combustíveis pressionaram inflação em abril
Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil
Combustíveis pressionaram inflação em abril

Puxada pelos  preços dos alimentos e combustíveis , a inflação avançou 1,06% na passagem de março para abril, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (11). Este foi o maior resultado para o mês de abril desde 1996 (1,26%).

O resultado indica uma ligeira desaceleração em relação ao índice de março, quando a inflação subiu 1,62% no mês. Ainda assim, os preços seguem pressionados ao consumidor. No ano, o IPCA acumula alta de 4,29%. Em 12 meses, o índice chegou a 12,13%. Economistas ouvidos pela Reuters esperavam alta de 1% em abril e de 12,07% em 12 meses.

Alimentos e combustíveis pressionam índice

Os principais impactos no mês de abril vieram do grupo Aimentação e bebidas, que subiram 2,06%, e dos Transportes, cujos preços avançaram 1,91% no mês. Juntos, os dois grupos contribuíram com cerca de 80% do IPCA de abril.

Entre no  canal do Brasil Econômico no Telegram e fique por dentro de todas as notícias do dia

"Em alimentos e bebidas, a alta foi puxada pela elevação dos preços dos alimentos para consumo no domicílio (2,59%). Houve alta de mais de 10% no leite longa vida, e em componentes importantes da cesta do consumidor como a batata-inglesa (18,28%), o tomate (10,18%), o óleo de soja (8,24%), o pão francês (4,52%) e as carnes (1,02%)", elenca o analista da pesquisa, André Almeida.

Os reajustes concedidos pela Petrobras nas refinarias no dia 11 de março - com altas de 18,8% no preço da gasolina, de 24,9% sobre o preço do óleo diesel e de 16% no preço do GLP, o gás de cozinha, têm pressionado os preços na ponta, e parte desse aumento foi repassado também em abril.

No caso dos transportes, a alta foi puxada pelo aumento nos preços dos combustíveis, que subiram 3,20%. O destaque foi a gasolina, que subiu 2,48% em abril e sozinha contribuiu com 0,17 ponto percentual no índice do mês.

"A gasolina é o subitem com maior peso no IPCA, mas os outros combustíveis também subiram. O etanol subiu 8,44%, o óleo diesel, 4,74% e a ainda houve uma alta de 0,24% no gás veicular", acrescenta Almeida.

Perspectivas

Economistas esperam que  inflação acumulada em 12 meses atinja um pico no mês de abril, até que comece a arrefecer de forma lenta e saia do patamar dos dois dígitos em agosto.

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) elevou a taxa básica de juros para 12,75% ao ano, com o discurso, divulgado na ata na última segunda-feira (9), de que a estratégia adotada é adequada para garantir a convergência da inflação para a meta em 2023.

O BC também sinalizou que a nova onda de Covid-19 na China e os efeitos da guerra na Ucrânia para a oferta de produtos no mercado vão pressionar os preços globalmente.

O anúncio na última segunda-feira de mais um reajuste do diesel deve pressionar ainda mais a inflação, segundo economistas. Isso porque o combustível é usado no frete, e pode afetar do preço dos alimentos ao transporte público.