Governo quer mudar cobrança do frete de caminhoneiros
Planalto teme insatisfação após lucro recorde da Petrobras
O governo federal estuda uma mudança na cobrança do frete para caminhoneiros, a fim de aliviar a pressão que sofre sobre com relação ao aumento no preço do diesel, enquanto a Petrobras registra lucro recorde. A ideia é aproximar o modelo brasileiro do vigente nos Estados Unidos, onde é garantido o preço do frete para o caminhoneiro pelo preço final, quando a mercadoria é entregue.
A mudança ganhou força no gabinete do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, em reunião com integrantes do Ministério de Minas e Energia, como apurou o Estadão. A intenção da equipe é diminuir a irritação de caminhoneiros autônomos, que, em sua maioria, apoiam o presidente Jair Bolsonaro.
Entre no canal do Brasil Econômico no Telegram e fique por dentro de todas as notícias do dia
Segundo uma fonte ouvida pelo Estadão Broadcast, hoje, o caminhoneiro contrata por um determinado valor, mas a variação do combustível durante o percurso faz com que o frete fique menos vantajoso. Dessa forma, a medida seria uma maneira de reduzir a volatilidade para o profissional.
Odilon Fonseca, caminhoneiro de Confresa (MT), disse ainda não saber como vai funcionar a medida, caso implementada, mas afirma ser necessária uma revisão na competitividade dos fretes.
"No Brasil, o embarcadores exploram monstruosamente o caminhoneiro e a categoria não tem união para recusar a carga. Aqui você pega só porque se não for você, será outro", diz o autônomo, acrescentando: "Deveria haver um curso para ensinar o caminhoneiro a não pegar qualquer carga para ele aprender que mel é melhor que merda".
Após a divulgação do lucro recorde da Petrobras, de mais de 3.000% no primeiro trimestre, o presidente da empresa, José Mauro Coelho, afirmou que a empresa vai continuar seguindo os preços de mercado como forma de "gerar riqueza para a sociedade e evitar desabastecimento de combustíveis no país".
Novo reajuste
Segundo especialistas, é alto o risco de um reajuste dos combustíveis, o que a Petrobras não pratica desde o dia 11 de março, em razão da defasagem de preços em relação aos valores cobrados no mercado internacional.
Dados da Abicom, que representa as importadores, apontam que na sexta-feira a defasagem média do diesel estava em 21% (R$ 1,27 por litro) e da gasolina, em 17% (R$ 0,78 por litro). Relatório da Modal ressaltou que há risco de novos reajustes por conta do aumento constante dessas defasagens.
Já pensando em um possível reajuste no futuro, a equipe econômica busca espaço no Orçamento para subsidiar o diesel para manter a lado a parcela estratégica do eleitorado que apoia Bolsonaro.