Guerra da Ucrânia impulsiona lucro de petroleiras em todo o mundo
Balanços financeiros nos três primeiros meses do ano refletem ganhos das gigantes do setor com o aumento dos preços do barril e dos combustíveis
As maiores empresas de petróleo do mundo registraram, em sua maioria, resultados excepcionais no primeiro trimestre de 2022, impulsionados pela alta nos preços do petróleo e gás no mercado internacional. A escalada foi provocada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, que é um dos maiores produtores do mundo e sofre sanções internacionais.
O preço do barril atingiu o nível mais alto desde 2008, chegando a ser negociado a US$ 130,50 no período.
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Do início da guerra, em 24 de fevereiro, para cá os preços sofreram uma acomodação, mas ainda acima de US$ 100, o que impulsionou as receitas das empresas petrolíferas, entre elas a Petrobras.
No entanto, a Guerra na Ucrânia, mesmo trazendo grandes lucros e a valorização da commodity, impulsionou os já altos custos do transporte de petróleo.
A mais recente divulgação de resultados das gigantes petroleiras foi feita nesta quinta-feira pela Shell, que registrou o seu maior lucro trimestral, superando estimativa dos analistas e seguindo o padrão de seus pares. Veja os números de outras gigantes do mundo do petróleo.
SHELL
A Shell registrou lucro ajustado de US$ 9,13 bilhões, impulsionado, além dos preços mais altos do petróleo e gás, pelo lucros excepcionais de refino e o bom desempenho de seu setor comercial.
O resultado da empresa superou até mesmo as maiores expectativas dos analistas, que previam ganho de US$ 8,67 bilhões.
A companhia, com sede em Londres, superou seu recorde de lucros trimestrais de 2008, mesmo depois de uma baixa de US$ 3,9 bilhões - depois dos impostos - como resultado de sua decisão de sair das operações na Rússia. A empresa também está encerrando o comércio de petróleo e gás com aquele país.
O lucro líquido da empresa chegou a US$ 7,12 bilhões.
EXXON MOBIL
A gigante americana de Petróleo ExxonMobil registrou lucro líquido de US$ 5,48 bilhões no primeiro trimestre, dobrando o indicador na comparação anual.
As receitas da petrolífera entre janeiro e março somaram US$ 90,5 bilhões, alta de 53% sobre o mesmo período de 2021.
Os resultados da petrolífera incluem uma amortização de US$ 3,4 bilhões relacionadas à saída da companhia do projeto de petróleo e gás Sakhalin-1, localizado na Ilha Sacalina, no extremo oriente da Rússia, em decorrência da invasão da Ucrânia.
BRITISH PETROLEUM
O lucro líquido ajustado da BP no primeiro trimestre foi de US$ 6,25 bilhões, mais que o dobro do valor do ano anterior e superando as expectativas dos analistas de US$ 4,43 bilhões. O número não inclui uma perda contábil de US$ 29,29 bilhões, que se deve em grande parte à decisão da BP de deixar sua participação de cerca de 20% na gigante petrolífera Rosneft PJSC, controlada pelo Kremlin.
O impacto da baixa contábil no patrimônio total da BP levou a um ligeiro aumento na alavancagem para 25,9%, mesmo quando a dívida líquida caiu para US$ 27,46 bilhões.
CHEVRON
Chevron registrou lucro líquido de US$ 6,26 bilhões no primeiro trimestre de 2022, avanço de 354% em igual período do ano anterior, quando chegou a US$ 1,38 bilhão.
A receita da petroleira saltou 70% nos três primeiros meses do ano, chegando a US$ 54,37 bilhões, acima dos US$ 51,14 bilhões estimados pelo mercado.
EQUINOR
A Equinor divulgou lucro líquido de 4,71 bilhões de euros no primeiro trimestre de 2022, mais do que o dobro do lucro de 1,85 bilhão de euros do mesmo período do ano anterior. A receita também dobrou, passando para 36,39 bilhões de euros, de 17,58 bilhões de euros nos três primeiros meses de 2021.
O lucro ajustado cresceu 4,3 vezes, para US$ 17,99 bilhões no trimestre, contra US$ 4,09 bilhões de janeiro a março do ano passado. A previsão era de US$ 17,07 bilhões, segundo estimativas da própria empresa, que é 67% de propriedade da Noruega.
Segundo a companhia, os resultados refletem preços médios significativamente mais altos de petróleo e gás, parcialmente compensados por menores taxas de produção.
Brasileiras
No Brasil, a alta dos preços do petróleo também beneficiou as empresas de petróleo, que divulgaram bons resultados nos primeiros três meses de 2022.
PETROBRAS
A maior empresa de petróleo do país registrou lucro líquido de R$ 44,561 bilhões no primeiro trimestre deste ano. O resultado é maior que o R$ 1,16 bilhão obtido no mesmo período do ano passado, quando a empresa ainda sofria os impactos da pandemia. É uma alta de 3.718,4% na comparação anual.
Analistas esperavam um ganho entre R$ 30 bilhões e R$ 40 bilhões entre janeiro e março deste ano por conta da escalada do petróleo no mercado internacional, impulsionada pela guerra na Ucrânia.
PETRORIO
Apesar de queda nas vendas, a PetroRio registrou Ebtida (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) de US$ 232 milhões, avanço de 171% na comparação com igual período de 2021. Já o lucro foi de U$ 223 milhões, contra prejuízo de U$ 12 milhões no primeiro trimestre de 2021.
O resultado foi impulsionado pela cotação do petróleo no mercado internacional. A produção também também registrou recorde, com média de 35,1 mil barris de óleo equivalente por dia.
A PetroRio é uma empresa brasileira com foco em produção de petróleo e gás, especializada na gestão de reservatórios e no desenvolvimento de campos maduros. Desde 2008, a companhia é a maior petroleira privada do Brasil.
3R PETROLEUM
A 3R Petroleum, fruto da união das empresas 3R e Ouro Preto, registrou prejuízo líquido de R$ 335,1 milhões no primeiro trimestre de 2022, crescimento de 662,2% em relação ao mesmo trimestre de 2021. Mas o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado cresceu 150,3% no período, totalizando R$ 198,5 milhões.
A receita líquida somou R$ 375,2 milhões entre janeiro e março deste ano, alta de 182,6% na comparação com igual período de 2021, com resultado derivado não apenas da evolução do preço do petróleo, como da revitalização dos campos onshore que a 3R já opera.
PETRORECÔNCAVO
A PetroRecôncavo, produtora independente de óleo e gás onshore, registrou uma produção média diária de 19.455 barris de óleo equivalente no primeiro trimestre de 2022, resultado 42,6% superior ao registrado em igual período de 2021.
Segundo analistas, o setor se beneficia dos preços do petróleo mais altos no trimestre e margens ainda fortes no segmento de distribuição de combustíveis.
A empresa ainda não divulgou os resultados do trimestre.
*Com agências internacionais