Expectativa de alta nos juros do Brasil e dos EUA derrubam Bolsa
Investidores aguardam por sinalizações a respeito dos próximos passos do processo de aperto monetário. Dólar sobe
O dólar opera com alta ante o real e a Bolsa cai no início desta quarta-feira (4). No pregão, o foco dos investidores está nas decisões de política monetária dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos.
Por volta de 10h30, a moeda americana tinha alta de 0,97%, negociada a R$ 5,0115.
No mesmo horário, o Ibovespa caía 0,81%, aos 105.660 pontos.
À espera dos BCs
No caso brasileiro, é consensual que o Comitê de Política Monetária (Copom) irá elevar a Selic em 1 ponto percentual, a 12,75% ao ano.
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A dúvida dos agentes de mercado é saber se a alta de juros para combater uma inflação que não dá sinais de trégua vai se encerrar nesta quarta ou se teremos novos aumentos.
Boa parte do mercado já prevê mais elevações, mesmo que de forma residual, nos próximos encontros.
“Nós esperamos que o Copom deixe as portas abertas para um eventual ajuste adicional, mas sem carimbar a sua necessidade como tem feito em outras oportunidades – principalmente tendo em vista a alta volatilidade que tem caracterizado os ativos de risco globais”, destacaram analistas da Guide Investimentos, em nota matinal.
Já nos EUA, a expectativa é de que o Federal Reserve, Banco Central americano, eleva a taxa básica em 0,5 ponto percentual, para o intervalo entre 0,75% e 1%. Além disso, o Fed deve aprovar o início do processo de redução do seu balanço, como sinalizado na ata da última reunião.
Assim como no Brasil, as atenções se voltaram para a comunicação do banco, com os investidores prestando atenção em sinalizações sobre o ritmo das próximas altas.
“Acreditamos na possibilidade de sinalizar a intenção de levar o juro básico americano ao patamar neutro (2,5%) até o fim do ano. Por fim, o início do movimento de redução do seu balanço também deve ser anunciado, provavelmente a um ritmo próximo de US$ 35 bilhões/mês”, destacam os analistas da Guide.
Após o anúncio do Fed, Jerome Powell, concede entrevista para comentar a decisão.
Além das reuniões de políticas monetárias, os investidores seguem repercutindo os balanços corporativos do primeiro trimestre, que podem influenciar no preço dos ativos.
Marfrig: bons resultados operacionais
Impulsionada pelo cenário favorável aos seus negócios na América do Norte e com uma melhora de desempenho na América do Sul, a Marfrig apresentou elevações em seus resultados operacionais.
O lucro líquido consolidado foi de R$ 109 milhões, queda de 61,1% ante o mesmo período do ano passado. No entanto, isso ocorreu devido ao reflexo de R$ 795 milhões de investimento feito para a consolidação da participação de 33,27% na BRF.
A receita líquida total foi de R$ 22,3 bilhões, alta de 29,6% ante o mesmo período do ano passado. O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) aumentou 60,9%, para R$ 2,7 bilhões.
A receita líquida norte-americana registrou alta de 35,4%, para R$ 15,9 bilhões. Já na América do Sul foi de R$ 6,5 bilhões, avanço de 41,2% ante o primeiro trimestre de 2021.
Em relatório, analistas da XP avaliaram o trimestre como forte, com preços e volumes mais altos impulsionados pela demanda mais do que compensando os maiores custos, tanto na América do Norte quanto na América do Sul.
“Olhando para frente, vemos acomodação das margens nos EUA e um cenário desafiador na América do Sul considerando a deterioração do cenário macro”, destacaram os analistas Leonardo Alencar e Pedro Fonseca.
A XP mantém recomendação de compra para a ação, com preço alvo de R$ 34,80.
Petrobras sobe e Vale cai
As ações ordinárias da empresa (MRFG3, com direito a voto) caíam 3,96%.
As ordinárias da Petrobras (PETR3) subiam 0,97% e as preferenciais (PETR4, sem direito a voto), 0,99%.
As ordinárias da Vale (VALE3) cediam 1,27% e as da Siderúrgica Nacional (CSNA3), 2,49%.
As prefereciais da Usiminas (USIM5) caíam 0,80%.
No setor financeiro, as preferenciais do Itaú (ITUB4) e do Bradesco (BBDC4) tinham quedas de 1,55% e 1,22%, respectivamente.
Petróleo sobe, com anúncio da UE
Os preços dos contratos futuros do petróleo apresentavam fortes altas pela manhã depois que a União Europeia (UE) anunciou um plano para eliminar gradualmente as importações do setor de energia russo.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, propôs na quarta-feira um embargo de petróleo em fases, além e sancionar o principal banco da Rússia, em uma tentativa de aprofundar o isolamento de Moscou.
As medidas da Comissão incluem a eliminação gradual do fornecimento de petróleo russo dentro de seis meses e produtos refinados até o final de 2022, disse von der Leyen. Ela também se comprometeu a minimizar o impacto nas economias europeias.
A medida eleva as preocupações a respeito da oferta da commodity.
Por volta de 10h20, no horário de Brasília, o preço para o contrato de julho do petróleo tipo Brent subia 4,09%, negociado a US$ 109,26, o barril.
Já o preço para o contrato para junho do petróleo WTI para junho avançava 4,41%, cotado a US$ 106,93, o barril.
Bolsas no exterior
Na Europa, as bolsas operavam com direções contrárias. Por volta de 10h30, em Brasília, a Bolsa de Londres caía 0,44% e a de Frankfurt subia 0,08%. Em Paris, ocorria queda de 0,49%.
Na Ásia, o dia foi de menor liquidez devido ao não funcionamento das bolsas de Tóquio e Xangai devido a feriados. Em Hong Kong, houve queda de 1,10%.