Dólar volta a operar acima de R$ 5; Bolsa tem leve alta
Investidores repercutem resultado do PIB americano no primeiro trimestre e indicadores de inflação e emprego
O dólar apresenta alta ante o real, voltando a operar acima dos R$ 5, enquanto a Bolsa sobe no início desta quinta-feira (28). No pregão, os investidores repercutem dados econômicos nos Estados Unidos, além dos balanços do primeiro trimestre de empresas importantes.
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Por volta de 10h50, a moeda americana tinha alta de 1,24%, negociada a R$ 5,0292, após atingir a máxima de R$ 5,0318.O câmbio acompanha o movimento do dólar no exterior, que se valoriza ante outras moedas.
"O dólar dos EUA vem se fortalecendo em relação às principais moedas devido à perspectiva de ajuste monetário mais intenso por parte do Fed, o banco central americano", destacaram analistas da XP, em relatório matinal.
No mesmo horario, o Ibovespa subia 0,14%, aos 109.504 pontos.
A divulgação de resultados corporativos positivos, como o da Meta na noite de quarta-feira, pode ajudar a sustentar os mercados, amenizando o sentimento negativo visto em dias anteriores.
Ainda assim, os agentes continuam monitorando os riscos impostos pelo aperto da política monetária nos EUA, a guerra na Ucrânia e os lockdowns na China.
PIB dos EUA cai
Segundo o Departamento de Comércio americano, o Produto Interno Bruto (PIB) do país caiu 1,4% no primeiro trimestre, na taxa anualizada, forma como o país divulga seus dados de crescimento. É a primeira leitura do indicador.
A atividade econômica foi afetada pelo ressurgimento de casos da Covid-19. Ainda assim, os gastos do consumidor foram sólidos e o investimento empresarial em equipamentos acelerou.
No quarto trimestre do ano passado, a economia americana apresentou crescimento de 6,9%, também na taxa anualizada. O resultado divulgado nesta quinta-feira representa a primeira queda do PIB no país desde o início da pandemia. Analistas esperavam uma alta na casa de 1%.
De acordo com o Departamento do Comércio americano, o núcleo do índice de preços das despesas de consumo pessoal, que exclui componentes voláteis de alimentos e energia, cresceu 5,2% na taxa anualizada no último trimestre. O indicador é uma das medidas de inflação seguidas de perto por dirigentes do Federal Reserve, Banco Central americano.
Os números de inflação são importantes, pois influenciam na decisão de política monetária que será tomada pelo banco, na semana que vem. A retração do PIB não deve alterar os planos da instituição em elevar, novamente, as taxas.
A possibilidade de um alta de juros mais forte para conter a inflação elevada vem pressionando os índices acionários pelo mundo nos últimos pregões e é uma das causas da recente valorização do dólar ante o real.
Além do PIB, foram divulgados dados do mercado de trabalho.
O número de novos pedidos de seguro-desemprego caíram 5 mil, chegando ao patamar de 180 mil na semana encerrada em 23 de abril, em linha com as expectativas. Os dados são do Departamento do Trabalho americano.
Balanços no foco: Vale, Gol, Embraer
Tanto nos EUA quanto no Brasil, a atenção também se volta para a temporada de balanços.
Na cena interna, destaque para os números da Vale, divulgados após o fechamento de quarta-feira.
A mineradora registrou lucro de R$ 23,05 bilhões, 24% menor ante o mesmo período do ano passado.
O resultado refletiu a redução na produção de minério de ferro reportada pela empresa em seu relatório operacional, na semana passada, que afetou negativamente as ações da empresa na Bolsa.
A empresa ainda anunciou um novo programa de recompra de ações, que pode chegar a 500 milhões de ações ordinárias, algo em torno de 10% dos papéis em circulação.
Os papéis ordinários da Vale (VALE3, com direito a voto) cediam 0,19%.
A Embraer encerrou o primeiro trimestre com prejuízo atribuído aos acionistas de R$ 170,7 milhões, 65% menor do que a perda líquida de R$ 489,8 milhões registrada no mesmo período do ano passado.
O prejuízo líquido ajustado totalizou R$ 428 milhões, ante os R$ 522,9 milhões no primeiro trimestre de 2021.
A receita líquida trimestral teve retração de 31%, para R$ 3,076 bilhões, com o recuo nas receitas da aviação comercial e executiva e no negócio de defesa.
Os ativos ON da Embraer (EMBR3) avançavam 2,89%.
A Gol reportou no primeiro trimestre lucro líquido de R$ 2,61 bilhões, o que reverte o prejuízo de R$ 2,51 bilhões de um ano antes.
Considerando os valores recorrentes, a empresa registrou um prejuízo líquido de R$ 690 milhões, queda de 22,6% na comparação com o mesmo período do ano anterior. O resultado foi influenciado pela melhora da demanda e altas dos preço das passagens.
A empresa teve um Ebitda, lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização, de R$ 542,2 milhões, avanço de 16,8% ante o último trimestre, e revertendo o resultado negativo de R$ 72,1 milhões de um ano antes.
As preferenciais da Gol (GOLL4, sem direito a voto) subiam 1,91%.
Os ativos ON da Siderúrgica Nacional (CSNA3) caíam 0,62%, e as preferenciais da Usiminas (USIM5, sem direito a voto) subiam 0,59%.
As ordinárias da Petrobras (PETR3) subiam 1,45%, e as preferenciais (PETR4), 1,20%.
No setor financeiro, as preferenciais do Itaú (ITUB4) e do Bradesco (BBDC4) tinham quedas de 0,57% e 0,61%, respectivamente.
Petróleo cai
Os preços dos contratos futuros do petróleo apresentavam queda pela manhã, com os investidores avaliando o aperto na oferta russa e a perspectiva de diminuição da demanda de combustível na China.
Por volta de 10h30, no horário de Brasília, o preço para o mês de junho do contrato tipo Brent caía 0,38%, negociado a US$ 104,92, o barril.
Já o preço para o mesmo mês do contrato tipo WTI cedia 0,14%, cotado a US$ 101,88, o barril.
Bolsas no exterior
Na Europa, as bolsas operavam com altas. Por volta de 10h50, em Brasília, a Bolsa de Londres subia 0,97% e a de Frankfurt, 1,14%. Em Paris, ocorria avanço de 0,55%.
As bolsas asiáticas fecharam com altas. Os investidores seguiram repercutindo a sinalização do governo chinês para mais investimentos em infraestrutura, além de receberem a decisão do BC japonês de manter inalterada sua política monetária.
O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, subiu 1,75%. Em Hong Kong, houve alta de 1,65% e, na China, de 0,58%.