Setor de varejo tem alta de 1,1% em fevereiro, aponta IBGE
Inflação, desemprego e juros elevados, porém, desafiam resiliência do setor
As vendas do comércio varejista avançaram 1,1% na passagem de janeiro para fevereiro, de acordo com dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) divulgados nesta quarta-feira (13).
Com o resultado, o setor está 1,2% acima do patamar pré-pandemia. No ano, o varejo acumula variação de -0,1%. Já nos últimos 12 meses, cresceu 1,7%.
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O resultado veio acima do esperado pelo mercado. Economistas ouvidos pela Reuters projetavam alta de 0,1% no mês.
Promoções alavancam varejo
Das oito atividades investigadas pela pesquisa, seis apresentaram crescimento em fevereiro. As principais contribuições vieram de combustíveis e lubrificantes, com alta de 5,3%, seguido de móveis e eletrodomésticos (2,3%) e tecidos, vestuário e calçados (2,1%).
O gerente da pesquisa, Cristiano Santos, lembra que o segmento de vestuário foi positivo pelo segundo mês seguido.
"Foi uma atividade que não teve um Natal muito bom, com uma queda de 5,6% em dezembro. Mas em janeiro, as empresas fizeram promoções muito fortes que se estenderam até fevereiro e contribuíram com esse resultado."
Ele continua:
"Já o segmento de móveis e eletrodomésticos, que desde junho do ano passado não crescia, teve uma retomada com a série de promoções feitas pelas empresas. No caso de combustíveis, pela primeira vez, nos últimos 12 meses, não há uma pressão inflacionária tão clara para essa atividade", detalha Santos.
Perspectivas
O comércio tem enfrentado uma série de desafios após o processo de reabertura econômica diante da melhora da pandemia de Covid-19. O setor lida com a escalada dos juros - cuja ciclo de alta da Selic agora deve chegar a 13,5%, segundo analistas - que encarece o crédito, além de uma inflação elevada que reduz o poder de compra das famílias.
O Índice de Confiança do Comércio (ICOM) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) cedeu 0,2 ponto em março, ao passar de 87,0 para 86,8 pontos.
"O patamar da confiança continua baixo e ainda não é possível imaginar uma recuperação mais consistente nos próximos meses, dado o cenário macroeconômico negativo e a provável manutenção de níveis elevados de incerteza.”, avalia Rodolpho Tobler, economista do FGV IBRE.