Bolsa cai e dólar fecha em R$ 4,70 após inflação recorde
IPCA de março subiu 1,62% em março, maior alta para um mês desde 1994
A Bolsa caiu enquanto o dólar se desvalorizou ante o real nesta sexta-feira (8). No pregão, o destaque foi para a divulgação de dados de inflação no Brasil acima do esperado
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O Ibovespa cedeu 0,45%, aos 118.322 pontos. O principal índice da B3 foi pressionado pelas quedas da Vale e de empresas mais sensíveis aos movimentos da curva de juros, como as varejistas. A moeda americana teve baixa de 0,66%, negociada a R$ 4,7049.
O dólar operou com alta na primeira parte dos negócios, chegando a atingir a máxima de R$ 4,7934. Mas o enfraquecimento da divisa no exterior ao longo do dia e a percepção de que o Banco Central (BC) terá que manter o ciclo de altas da Selic por mais tempo que o previsto deram força ao real.
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Apesar da queda no dia, o dólar encerrou a semana com alta de 0,91% ante o real, influenciado pelas perspectivas de aperto monetário por parte do Federal Reserve, Banco Central americano, e do Banco Central Europeu (BCE).
"Uma possível alta de juros nos mercados desenvolvidos acima do precificado altera a visão de risco e fluxo para emergentes. A ata do Fomc e discursos de membros do Fed aumentaram a chance de alta para maio em 0,50 ponto percentual na taxa de juros nos EUA. Além do BCE que sinalizou aumento para o 3º trimestre", disse o analista da Terra Investimentos, Regis Chinchila.
As taxas de juros futuros tiveram forte alta durante todo o dia, influenciadas pelo dado negativo do IPCA.
No fim do pregão regular, a taxa do contrato do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 passou de 12,76% no ajuste anterior para 12,98% e a do DI para janeiro de 2024 subiu de 12,16% para 12,465%.
Já a do DI para janeiro de 2025 avançou de 11,53% para 11,775% e a do DI para janeiro de 2027 teve alta para 11,48% ante os 11,30% da leitura anterior.
Maior alta desde antes do Plano Real
A inflação acelerou em março e subiu 1,62% , segundo dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira. É a maior alta para um mês de março desde 1994 (42,75%), antes da implantação do plano Real.
É também a maior inflação mensal desde janeiro 2003 (2,25%). Com o resultado, o IPCA acumula alta de 11,30% em 12 meses.
Os números, que foram pressionados pelo aumento nos preços da gasolina, vieram acima das expectativas do mercado.
Os dados de inflação também são importantes, porque ajudam o mercado calibrar suas expectativas para a alta dos juros.
Em suas últimas declarações, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, vem defendendo a ideia de que o pico da alta dos preços virá em abril e de que o ciclo de altas da Selic poderia se encerrar em maio.
As falas ajudaram a retirar parte do prêmio das curvas de juros futuros, beneficiando ações mais ligadas à economia doméstica. Mas apesar das declarações, muitos analistas seguiram com projeções de Selic no fim do ciclo superiores a do BC.
"Considerando o cenário de inflação pujante, não tem como criarmos um ambiente estável visando o crescimento econômico e o fortalecimento de nichos e da cadeia de uma forma geral. Afeta tanto a economia real quanto os mercados. Pode ser que a gente tenha uma surpresa sobre o patamar que está precificado hoje o fim do ciclo de alta de juros, com a finalização em um patamar mais alto", destaca o economista e sócio da H3 Invest, Samuel Cunha, ressaltando que
No exterior, os mercados seguem monitorando os desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia e avaliando seus efeitos para a economia global, principalmente para a inflação, após uma semana marcada por sinalizações de bancos centrais importantes de que o aperto monetário irá se acelerar.
Varejistas caem
Entre as ações, as ordinárias da Petrobras (PETR3, com direito a voto) caíam 0,11% e as preferenciais (PETR4, sem direito a voto) subiam 0,32%.
As ordinárias da Vale (VALE3) cediam 0,15% e as da Siderúrgica Nacional (CSNA3) subiam 0,64%.
As preferenciais da Usiminas (USIM5) cediam 0,52%.
No setor financeiro, as preferenciais do Itaú (ITUB4) e do Bradesco (BBDC4) tinham altas de 0,04% e 0,33%, respectivamente.
Na ponta negativa, figuraram papéis de empresas mais sensíveis ao cenário de inflação e juros altos, como as varejistas.
As ordinárias da Via (VIIA3) caíam 5,88% e as do Magazine Luiza (MGLU3), 5,34%. Os ativos ON da Americanas (AMER3) cediam 3,13%.
Petróleo volátil
Os contratos futuros do petróleo apresentavam volatilidade pela manhã.
Por volta de 10h20, no horário de Brasília, o contrato para junho do petróleo tipo Brent caía 0,17%, cotado a US$ 100,41, o barril.
Já o contrato para maio do tipo WTI avançava 0,07%, negociado a US$ 96,10, o barril.
Bolsas no exterior
As bolsas americanas fecharam com direções contrárias. O índice Dow Jones subiu 0,40% e o S&P caiu 0,26%. A Bolsa Nasdaq cedeu 1,34%.
Na Europa, as bolsas fecharam com altas. A Bolsa de Londres subiu 1,56% e a de Frankfurt, 1,46%. Em Paris, ocorreu avanço de 1,34%.
As bolsas asiáticas fecharam com altas. O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, subiu 0,36%. Em Hong Kong, houve avanço de 0,29% e, na China, de 0,47%.