Ação da Petrobras sobe mesmo com possibilidade de mudança na política
Na visão de analistas, mercado acredita que novo gestor da estatal não irá mudar a política de preços adotada pela companhia, com base na cotação internacional
Após a Petrobras ter alertado investidores estrangeiros sobre uma possível mudança na política de preços dos combustíveis, os papéis da estatal fecharam o pregão desta quinta-feira (31) em alta. As ações preferenciais (PETR4) subiram 1,67%, enquanto as ordinárias (PETR3) se valorizaram em 0,71%.
O comunicado foi feito através do relatório 20-F, que é uma obrigação de toda empresa que tem ações negociadas nos Estados Unidos. Na visão do analista de investimentos da Mirae Asset, Pedro Galdi, a decisão é estratégica para evitar que a petroleira sofra qualquer tipo de processo por quaisquer mudanças futuras.
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Para ele, o alerta, somado à queda do petróleo nesta quinta-feira, deveria ter feito os papéis da estatal caírem. Por isso, acredita que o movimento oposto é sinônimo de que o nome de Adriano Pires como novo presidente da Petrobras foi bem recebido pelo mercado.
"O governo pode sim mudar a política de preços, mas não vai fazer isso porque afugentaria capital estrangeiro e está preocupado com privatizações", observa o analista: "O mercado acredita que a nova gestão vai olhar para soluções de curto prazo que contenham as oscilações, como redução de impostos e criação do fundo de estabilização, coisas que já vinham sendo discutidas."
O estrategista-chefe do Sara Invest, Marco Saravalle, concorda que o anúncio de uma possível alteração na política de paridade internacional de preços é uma tática de governança:
"Em relação a esses alertas, durante o Caso Lava Jato, muitos investidores, principalmente institucionais estrangeiros, entraram com processo e acabaram vencendo, alegando falta de transparência. Por isso, agora a companhia já está se antecipando."
Saravalle ainda lembra que na última troca na presidência da Petrobras, quando Silva e Luna substituiu Roberto Castello Branco, as ações da estatal caíram quase 20%. Na época, investidores que olharam para os fundamentos da empresa aproveitaram uma boa oportunidade de compra.
Com a chegada de Adriano Pires, esse movimento acabou não acontecendo e o recuo foi menor.
"Pires é bem visto não só técnica, como politicamente. O movimento de entrada de recurso estrangeiro tem sido muito forte nos últimos dias. Quem vem procurando liquidez acaba olhando para Petrobras."
Guilherme Justo, sócio da Ável Investimento, comenta que a empresa faz esse tipo de declaração desde 2016, por isso o mercado não se assustou com a mensagem:
"Já é uma informação corriqueira. Além disso, acabaram de trocar o presidente por alguém que já declarou várias vezes que interferir na política de preços seria um erro."
Por não ser um fato concreto, Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos, opina que o alerta aos investidores estrangeiros não impactou de forma significativa os papéis da Petrobras. Ele acrescenta que a estatal tem atraído muitos investidores não só pelos resultados sólidos nos últimos trimestres, mas também por estar pagando altos dividendos.
"O do primeiro trimestre de 2022 deve vir muito forte pro causa da elevação do petróleo tipo Brent. Além disso, a Petrobras também virou uma boa pagadora de dividendos. Não à toa, os papéis subiram bastante nos últimos meses", comenta Carvalho: "É claro que a gente tem que acompanhar essa possível perda da paridade de preços no futuro. Caso isso aconteça, as ações PETR3 e PETR4 terão muita volatilidade."