A ata do BC indica que Selic pode chegar a 12,75% para conter inflação

Como o Copom já indicou, deve fazer uma nova elevação de 1 p.p na próxima reunião, que acontece em maio

BC deve elevar Selic a 12,75%
Foto: Murilo Tunholi
BC deve elevar Selic a 12,75%

 O Banco Central (BC) indicou nesta terça-feira (22) que o fim do ciclo da alta dos juros básicos, que levou a Selic de 2% no início do ano passado para 11,75% na última semana, está próximo do fim.

A ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que decidiu pela elevação de 1 ponto percentual na taxa básica de juros mostra que a avaliação do BC é de que um patamar de juros em 12,75% seria suficiente para colocar a inflação de 2023 na meta.

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“Copom avaliou que, considerado esse viés devido à assimetria de riscos, suas projeções se encontram acima do limite superior do intervalo de tolerância da meta para 2022, e ainda ao redor da meta para 2023. Diante desses resultados, e da avaliação do Comitê a respeito da probabilidade de cada cenário, o Copom considerou que, neste momento, um ciclo de aperto monetário semelhante ao utilizado nos seus cenários é o mais adequado”, apontou o documento.

Como o Copom já indicou que deve fazer uma nova elevação de 1 p.p na próxima reunião, que acontece em maio, a Selic estaria próxima do patamar suficiente para controlar a inflação no próximo ano. O último relatório Focus, contudo, prevê Selic em 13% ao final deste ano.

“A trajetória de juros projetada implica patamar significativamente contracionista da política monetária, que tem impacto principalmente na inflação de 2023, e é compatível com o combate aos efeitos de segunda ordem do atual choque de oferta”, diz a ata.

As alterações na Selic tem um efeito defasado, ou seja, demoram de seis a nove meses para ter impacto nos juros praticados. Por isso, o BC está olhando cada vez mais para a inflação de 2023 do que de 2022.

Apesar de indicar que o fim do ciclo está próximo, o BC não descartou a possibilidade de elevar ainda mais os juros caso seja necessário.

"O Copom avalia que o momento exige serenidade para avaliação da extensão e duração dos atuais choques. Caso esses se provem mais persistentes ou maiores que o antecipado, o Comitê estará pronto para ajustar o tamanho do ciclo de aperto monetário", enfatizou.

Segundo o documento, os choques nos preços das commodities, como a gasolina e a diminuição na oferta de alimentos causada pela guerra na Ucrânia, devem pressionar a inflação no mundo todo.

“A reorganização das cadeias de produção globais, com a criação de redundâncias na produção e no suprimento de insumos e mudança no tratamento dos estoques de bens (no sentido de se deter maiores estoques), ganhou novo impulso com o conflito na Europa e as sanções aplicadas à Rússia. Na visão do Comitê, esses desenvolvimentos podem ter consequências de longo prazo e se traduzir em pressões inflacionárias mais prolongadas na produção global de bens”, apontou a ata.

Projeções

Nesse cenário, a inflação mais alta levaria a uma taxa de juros também elevada. Na última reunião do Copom feita em fevereiro, a projeção era que a Selic chegasse ao pico de 11,75% este ano, já na reunião da semana passada, a projeção subiu para 12,75% ao ano.

Para a inflação, o Copom desenhou dois possíveis cenários, um em que o IPCA chegaria a 7,1% este ano e 3,4% em 2023 e outro, mais provável segundo o Comitê, de inflação em 6,3% em 2022 e 3,1% no próximo ano.

A meta deste ano é de 3,5% e de 2023, 3,25% com intervalo de tolerância de 1,5 p.p para cima ou para baixo.

A diferença entre os dois cenários apresentados pelo Copom é o preço do petróleo, mais alto no primeiro do que no segundo. O preço dessa commodity tem sido muito volátil desde o início da guerra e está sendo negociado ao redor de US$ 115 o barril.