Bolsa sobe e dólar opera em baixa, com alta das commodities

Investidores também monitoram tentativas de negociação entre Rússia e Ucrânia, enquanto aguardam falas do presidente do banco central americano, Jerome Powell

Bolsa sobe e dólar opera em baixa, com alta das commodities
Foto: Reprodução/Pixabay
Bolsa sobe e dólar opera em baixa, com alta das commodities

O dólar opera em queda ante o real, voltando a ser negociado abaixo dos R$ 5, e a Bolsa sobe nesta segunda-feira (21). Os ativos domésticos se beneficiam da alta das commodities no dia. Os investidores seguem acompanhando os desdobramentos das negociações entre Rússia e Ucrânia na tentativa de encerrar a guerra enquanto aguardam falas do presidente do Federal Reserve, Banco Central americano, Jerome Powell.

Por volta de 12h, a moeda americana tinha baixa de 1,54%, negociada a R$ 4,9383. No pregão do dia 09 de março, a divisa já havia quebrado a barreira dos R$ 5, quando chegou a ser cotada em R$ 4,9855.

No mesmo horário, o Ibovespa subia 0,47%, aos 115.853 pontos.

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No exterior, as bolsas apresentavam direções contrárias  enquanto o petróleo tinha alta.

O operador de câmbio da Fair Corretora, Hideaki Iha, destaca a alta das commodities, entre elas o petróleo e o minério de ferro, como um dos principais fatores responsáveis pela queda da divisa no dia.

"Nós somos produtores desses produtos e os juros também têm ajudado. A entrada de fluxo estrangeiro também continua positiva".

Para Iha, a deterioração das expectativas para a inflação e o aumento das previsões de juros contidas no  Boletim Focus, relatório semanal divulgado pelo BC, também influenciam no movimento, já que reforçam o diferencial de juros do país frente aos pares.

O operador acredita que nas próximas semanas, o real ainda tende a surfar no campo positivo, especialmente enquanto perdurar a guerra. Por um lado, se o conflito tende a pressionar a, já elevada, inflação global, do outro, ele coloca o Brasil como um emergente mais atraente, na comparação relativa, frente a seus pares.

Jogam contra a nossa moeda os já conhecidos riscos fiscais e a possibilidade de uma postura mais rígida adotada pelo Fed.

"No curto prazo, enquanto as commodities estiverem nesse patamar e o fluxo entrando, isso favorece o real", disse Iha, destacando que acredita em um dólar acima dos R$ 5 ao término do ano.

Juros e guerra

Os comentários de Powell são relevantes, pois podem dar pistas aos investidores sobre o planejamento dos próximos passos a respeito da normalização da política monetária no país.

Na semana passada, o Fed anunciou a primeira elevação nas taxas básicas desde 2018 ao subir os juros em 0,25 ponto percentual. Durante entrevista coletiva após o anúncio, Powell indicou que altas maiores podem ser feitas ao longo do ciclo, a depender das condições econômicas.

No front geopolítico, as negociações entre russos e ucranianos não parecem apresentar progressos, o que contribui para a elevação do preço do petróleo no exterior.

Nesta segunda-feira, a vice-primeira-ministra da Ucrânia, Iryna Vershchuk, disse que não havia chance de as forças do país se renderem na cidade portuária de Mariupol.

"A falta de sucesso de tentativas anteriores e continuidade nos ataques em solo ucraniano mantêm viva a incerteza na mente dos investidores. [...] O receio de que um aperto monetário agressivo por parte do Fed, que deve priorizar o combate à inflação, resulte em uma forte desaceleração da atividade econômica segue entre os principais pontos de cautela", destacaram analistas da Guide Investimentos, em nota matinal.

Boletim Focus: mais inflação

Na cena interna, os agentes de mercado repercutem as novas estimativas contidas no Boletim Focus.

As projeções para a inflação ao final deste ano subiram pela décima semana consecutiva, passando de 6,45% para 6,59%. O número é superior ao teto da meta do BC, que é de 5%.

Para o término de 2023, as estimativas passaram de 3,70% para 3,75%.

No caso da taxa básica de juros, as estimativas para o final deste ano subiram de 12,75% para 13% e, para o término de 2023, de 8,75% para 9%.

A previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) para o final de 2022 teve alta de 0,49% para 0,50%. No entanto, houve recuo de 1,43% para 1,30% no final de 2023.

Petrobras e Vale sobem

Entre as ações, as ordinárias da Petrobras (PETR3, com direito a voto) subiam 2,96%, e as preferenciais (PETR4, sem direito a voto), 3,01%, em linha com a alta do petróleo no exterior.

As ordinárias da PetroRio (PRIO3) avançavam 1,85%, e as da 3RPetroleum (RRRP3), 3,15%.

Em dia positivo para o minério de ferro negociado na China, as ordinárias da Vale (VALE3) avançavam 2,23%, e as da Siderúrgica Nacional (CSNA3), 2,57%.

As preferenciais da Usiminas (USIM5) subiam 1,16%.

No setor financeiro, as preferenciais do Itaú (ITUB4) e do Bradesco (BBDC4)  tinham altas de 1,75% e 1,28%, respectivamente.

Eletrobras cai, após balanço

Após as divulgação do balanço, os papéis da Eletrobras subiam. A empresa teve lucro líquido de R$ 610 milhões no quarto trimestre, recuo de 52% ante igual período de 2020.

A receita líquida totalizou R$ 11,49 bilhões, alta de 27%. O Ebitda, lucro antes de juros impostos, depreciação e amortização, totalizou R$ 2,40 bilhões, ante resultado negativo de R$ 299 milhões no mesmo período de 2020.

Os papéis ON (ELET3) e PN (ELET6) tinham quedas de 1,48% e 1,29%, respectivamente.