Rússia x Ucrânia: veja onde investir para proteger seu dinheiro

Segundo analistas, instabilidade e juros altos favorecem investimentos conservadores

Vídeo mostra ataque à base militar em Kiev
Foto: Reprodução/Twitter
Vídeo mostra ataque à base militar em Kiev

A invasão da Ucrânia pela Rússia mexeu com os mercados globais em um contexto de expectativa com o início da alta de juros nas economias desenvolvidas. No Brasil, há ainda a variável eleitoral. Esse cenário reforça a indicação dos investimentos em renda fixa, principalmente para quem quer se proteger no curto prazo.

Para Luigi Wis, especialista em investimentos da Genial, o principal efeito do conflito será no mercado de commodities, com a alta de petróleo, gás e insumos agrícolas. Na semana, o barril do petróleo Brent chegou a ultrapassar brevemente os US$ 100, o que não ocorria desde 2014.

Isso tende a pressionar a inflação local e, mesmo que não leve o Banco Central a ser mais agressivo na elevação da taxa básica de juros, pode retardar a queda. A Selic está hoje em 10,75%, e a projeção é que supere 12%.

"O cenário de atratividade para a renda fixa deve se alongar", diz Wis. "Se o intuito, nas próximas semanas, for se proteger da instabilidade, o ideal é ficar nas opções pós-fixadas atreladas à Selic e ao CDI, que têm liquidez diária. Os prefixados são adequados para prazos mais longos, quando o investidor carrega até o vencimento."

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A superintendente executiva de Investimentos do Santander, Luciane Effting, também considera a renda fixa uma boa opção:

"Para os mais conservadores, o porto mais seguro são os CBDs, além dos títulos públicos. Para quem gosta de uma renda fixa com mais pimenta, temos os fundos de renda fixa com crédito privado, que mesclam a renda fixa tradicional com alguns títulos emitidos por empresas."

Dólar e ouro: proteção

A necessidade de segurança ainda reforçou a busca pelo dólar, que encerrou a R$ 5,15, com alta de 0,32% na semana, ainda que no ano registre queda. Já o ouro, outro ativo de proteção, atingiu o maior patamar desde janeiro de 2021.

"Recomendamos não só ter um dólar para fazer a correlação com os ativos e se beneficiar da questão de risco e retorno, mas também para investir em outras economias", afirma Luciane. 

Para Wis, da Genial, dólar e ouro podem ser opções, mas para complementar a carteira:

"O ouro e o dólar têm essa relação inversa com a Bolsa. Mas isso não quer dizer que se deve colocar tudo nesses ativos, porque eles têm volatilidade. Eles podem servir como proteção em ações das quais você não quer se desfazer. Pode-se incluir dólar ou ouro no portfólio para suavizar esses movimentos voláteis."

Na Bolsa, são boas opções empresas ligadas a commodities e com histórico sólido.

"As commodities podem se favorecer. São as maiores candidatas a passar por alta de preços", diz o CIO da Blackbird, Bruno Di Giacomo.

Com relação às criptomoedas, o conflito enfraqueceu a tese de que elas ofereceriam proteção em tempos de crise. Na quinta-feira, dia da invasão, o bitcoin, o mais popular criptoativo, chegou a cair 8%, ficando abaixo de US$ 38 mil.

"O bitcoin tem tido alta correlação com ativos tradicionais: o mercado todo caiu, e ele foi junto. No universo das criptomoedas, o bitcoin é o menos arriscado. Todas as outras tendem a cair mais em momentos como este", diz o CEO da corretora Foxbit, João Canhada.