Lula já defendeu privatização parcial de estatais no passado
Petista criticou a desestatização da Eletrobras nesta semana e deu indícios que poderia desfazê-la caso eleito
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou as redes sociais na última quarta-feira (16) para criticar a privatização da Eletrobras. Pelo Twitter, o petista disse esperar que empresários sérios não entrem no "arranjo esquisito" apresentado pelo governo federal. A desestatização da empresa já teve sua primeira etapa aprovada pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
No início do mês, Lula também voltou a falar sobre a Petrobras e criticou o que ele chama de "dolarização" da gasolina, em referência à política de Preço de Paridade de Importação (PPI), adotada pela empresa desde 2016. Uma eventual privatização da petroleira já chegou a ser considerada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), após constantes escaladas de preços dos combustíveis.
“Uma coisa que me deixa irritado é a canalhice que estão fazendo com a Petrobras. A Petrobras não é apenas uma empresa de petróleo, é uma empresa de grande investimentos, é uma empresa de tecnologia", alfinetou Lula.
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Ontem, em entrevista à rádio Progresso, no Ceará, o ex-chefe do Executivo afirmou que não é a favor da estatização em todos os setores da economia, mas defendeu que algumas empresas estratégicas precisam ter participação do Estado, nem que seja no formato de economia mista.
"Eu não sou favorável à estatização de tudo não. Eu acho que apenas as empresas estratégicas, que atendam os interesses soberanos do país, que têm de ter a participação do Estado, que pode ser empresa de economia mista", disse.
A declaração atual conversa com o que o provável candidato à Presidência já disse no passado. Em entrevista à BandNews FM em abril de 2021, Lula disse ser contra o "governo empresarial", mas não descartou a possibilidade de privatizações. Ao ser questionado sobre estatais inchadas e o papel do Estado na economia, ele disse que poderia tornar algumas delas empresas de capital misto.
O ex-presidente citou Furnas, Caixa Econômica Federal e Eletrobras como exemplos de empresas que podem mudar de regime. Também lembrou que Petrobras e Banco do Brasil já seguem o modelo de capital misto.
** Gabrielle Gonçalves é jornalista em formação pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Estagiária em Brasil Econômico. No iG desde agosto de 2021, tem experiência em redação e em radiojornalismo, com passagens pela Rádio Unesp FM e Rádio Metropolitana 98.5 FM.