INSS: perícias são adiadas para meados de fevereiro após paralisação
Cerca de 5 mil médicos pararam em todo o país nesta segunda
A paralisação de 24 horas dos médicos peritos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) provocou transtornos na vida de quem precisou de atendimento nesta segunda-feira (dia 31), na agência de Previdência Social da Praça da Bandeira, na Zona Norte do Rio. Um dos casos foi o da esteticista Regina Sales, de 50 anos, moradora da Penha, também na Zona Norte. Diagnosticada com duas hérnias de disco, ela foi fazer a perícia inicial para concessão de benefício por incapacidade temporária, o antigo auxílio-doença.
"Com problemas na coluna, fiquei aguardando quase duas horas em pé para remarcar o atendimento. Poderiam ter deixado as pessoas sentadas pra reagendar. Eram várias pessoas, e cada uma com um problema. É muito triste o descaso com as pessoas", lamenta Regina, que no início de janeiro conseguiu marcar atendimento pericial para o final do mês e, agora, terá que aguardar até 17 de fevereiro.
Outro que também teva a perícia remarcada para 17 de fevereiro na unidade da Praça da Bandeira, foi o taxista Luis Antonio Camelo, de 57 anos, morador do Centro do Rio. Ele conta que tem problemas na visão e perdeu a audição do lado esquerdo e parte do lado direito, além de ser diabético. Luis foi fazer a perícia médica para concessão de auxílio-doença.
"Esperamos quase um mês pelo dia do atendimento. Chegamos aqui, e não tem médico", criticou Camelo.
Balanço parcial
As perícias médicas são divididas em dois turnos: manhã e tarde. Um balanço parcial de algumas agências da capital mostra que no posto da Rua Miguel Lemos, em Copacabana, na Zona Sul, dos seis médicos peritos do quadro funcional, somente dois foram trabalhar. No posto do Méier, na Zona Norte, houve somente uma adesão.
Nas unidades da Praça da Bandeira, da Barra da Tijuca e do Centro (Avenida Presidente Antônio Carlos), todos os médicos peritos aderiram ao Dia Nacional de Advertência, que pode culminar em uma greve por tempo indeterminado, segundo a Associação Nacional de Médicos Peritos (ANMP).
De acordo com o INSS, os segurados que não forem atendidos na perícia médica terão os atendimentos remarcados. O instituto alerta que outros atendimentos estão funcionando normalmente nas agências.
Em todo o país mais de 24 mil agendamentos
É importante destacar que em todo o Brasil, nesta segunda-feira, mais de 24 mil pessoas estão agendadas para passar por perícias médicas. Atualmente, dos 3.411 médicos peritos de todo o país, 2.853 estão com agenda de atendimento. Os demais estão em setores de gestão ou afastados.
Dados de novembro mostravam que de 1.838.459 pedidos de benefícios, pelo menos 691.540 necessitavam de perícias médicas para serem concedidos. O número de pessoas nessa fila virtual que ainda aguardam atendimento pericial não foi informado.
A Associação Nacional de Médicos Peritos (ANMP) reivindica recomposição salarial de 19,99% — assim como outras categorias de servidores federais —, realização de concurso público, fim da teleperícia e edição de decreto regulamentar da carreira, previsto em lei, entre outros pontos. Uma das reivindicações já foi atendida: o número de atendimentos médicos diários caiu de 15 para 12 por médico perito.
Representantes da categoria entregaram um ofício ao ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, e esperam por um posicionamento da pasta. Enquanto isso, 14.449 pessoas que esperam por avaliação para receber auxílio-doença, 3.878 brasileiros de baixa renda que precisam do Benefício de Prestação Continuada (BPC/Loas) e 5.874 qu precisam de perícias por outros motivos vão ficar sem atendimento nesta segunda-feira. No total, estão agendados 24.201 atendimentos médicos periciais.
Paralisação foi decidida em assembleia
Em mensagem enviada a servidores, a associação de peritos afirma que foi feita uma enquete entre associados e que eles sinalizaram adesão ao movimento. A associação de médicos peritos conclama os servidores a não comparecerem às Agências da Previdência Social como forma de demonstrar "revolta e inconformismo da categoria em relação à atual gestão da carreira e, por consequência, para provocar uma audiência presencial com o ministro do Trabalho e Previdência".
E finaliza afirmando que "caso o governo não se mostre aberto à negociação com a carreira, a ANMP divulgará novas medidas a serem adotadas pelos peritos médicos federais em continuidade ao movimento de advertência autorizado pela AGE (Assembleia-Geral Extraordinária)".