IFI: Brasil deve crescer 0,5% em 2022 graças à Covid e juros dos EUA

Relatório de Acompanhamento Fiscal de janeiro prevê crescimento quase nulo da economia

IFI: Brasil deve crescer 0,5% em 2022 graças à Covid e juros dos EUA
Foto: Reprodução: iG Minas Gerais
IFI: Brasil deve crescer 0,5% em 2022 graças à Covid e juros dos EUA

A Covid-19 seguirá assombrando o crescimento da economia brasileira em 2022. Segundo o Relatório de Acompanhamento Fiscal da Instituição Fiscal Independente (IFI) divulgado nesta quarta-feira (19), o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil deve crescer 0,5% no ano por conta da terceira onda da doença e dos efeitos do aumento da taxa básica de juros dos Estados Unidos. A expectativa ainda é considerada otimista quando comparada à média do Boletim Focus: 0,29%. 

Cenário interno

Além disso, o crescimento também será pressionado devido ao "desempenho fraco da economia no último trimestre do ano passado e ao efeito do aumento da taxa básica de juros sobre a demanda agregada".

Quanto à Covid, ela não dá sinais de arrefecimento. O Brasil registrou 208.018 casos de Covid-19 na primeira semana de 2022, alta de 383% quando comparada à semana anterior. 

Os reflexos são nítidos na força de trabalho. Por exemplo, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) autorizou a Azul, a Gol e a Latam a voar com menos comissários em voos após avanço da variante Ômicron impactar tripulações. 

Tendo em vista que a curva de contágio pela nova variante ainda não está bem definida, ainda é difícil prever a retomada da economia, mas especialistas dizem que se ela repetir o padrão observado na África do Sul, só em março a situação estará controlada, mesmo assim não é possível medir os impactos a longo prazo na economia.

Cenário externo

Autoridades do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) disseram no mês passado que pode precisar não apenas aumentar as taxas de juros antes do esperado, mas também reduzir sua carteira geral de ativos para conter a alta inflação. O índice nos EUA subiu 7% em 2021, maior alta em quase 40 anos.

"Se os Estados Unidos aumentarem a taxa de juros, eles podem puxar os investidores para o país e aí você tem o pior do mundos. Vamos ter juros altos, desemprego alto, renda caindo e taxa de câmbio subindo porque os Estados Unidos estarão mais atrativos", comenta Fausto Augusto, diretor-técnico do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

Inflação e Juros

A inflação ao consumidor fechou 2021 em 10,06%. Para este ano, a expectativa é que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) termine o ano em 5,2%, acima das previsões registradas nos últimos dois meses e da meta de 3,5%.

Já a taxa básica de juros (Selic), que encerrou o ano em 9,25%, deve alcançar 11,75% a.a. até o fim de 2022, segundo o Relatório Focus. A IFI, por sua vez, projeta a Selic em 11,25%.

Os juros também terão impacto na dívida pública. O Orçamento aprovado prevê deficit de R$ 79,4 bilhões (0,8% do PIB). A projeção da IFI é ainda maior: R$ 106,2 bilhões ou 1,1% do PIB.

O documento também chama atenção para deterioração do deficit primário, que fechou 2021 em cerca de R$ 38,2 bilhões, segundo dados do Portal Siga Brasil. Para 2022 a IFI projeta que o deficit irá piorar por dois fatores: perda de força da atividade econômica e aumento do gasto público permanente, como o eventual aumento para servidores, possibilitado pela PEC dos Precatórios.