Inflação é problema global, mas Brasil tem terceiro pior índice do G20
Apenas Argentina e Turquia têm variação de preços superior a registrada aqui em 2021
A alta da inflação não assusta apenas os brasileiros. Segundo os economistas, a alta dos preços transformou-se num fenômeno mundial durante a pandemia, com a escassez de matérias-primas e demanda mais forte com a reabertura das economias.
No caso brasileiro, o que chama a atenção é que a inflação bateu em dois dígitos no acumulado em 2021, atingindo 10,06%, patamar mais elevado dos últimos seis anos.
Um levantamento feito pela Nexgen Capital, agente autônomo credenciada a XP Investimentos, mostra que entre os países que integram o G-20, grupo das vinte maiores economias do planeta, a alta de preços no Brasil só fica atrás da inflação registrada na Turquia, entre as nações que já divulgaram a inflação até dezembro 2021.
Mesmo tendo divulgado a inflação apenas até novembro, a Argentina ocupa o primeiro lugar no ranking das maiores inflações globais desse grupo, com alta de preços de 51,2%.
Para José Cassiolato, sócio da Nexgen Capital, no Brasil, a alta do preço do petróleo no mercado internacional, em dólares, encareceu muito os combustíveis.
Cassiolato observa também que a desvalorização do real frente ao dólar, mais do que a média de outras moedas de países emergentes, pressiona a alta dos preços, já que matérias-primas importadas ficam mais caras.
O sócio da Nexgen observa que o real está pelo menos 30% mais desvalorizado que outras moedas emergentes.
A atratividade do dólar para exportadores também tem impacto na menor oferta de produtos no mercado interno elevando preços.
Crise hídrica pressiona energia
Além disso, a possibilidade de uma crise hídrica levou o governo federal a ligar as usinas térmicas para evitar um apagão, pressionando o custo da energia.
"E ainda temos uma economia muito indexada e uma memória inflacionária que acaba fazendo com que a alta de preços se dissemine mais rápido em momentos como este", diz Cassiolato.
Ele lembra que todos os países começam a aumentar juros para controlar a alta dos preços, mas a diferença é que os fundamentos de outras nações são mais sólidos.
Nos EUA, por exemplo, há vagas sobrando no mercado de trabalho e o salário de algumas categorias profissionais está em alta.
Quem trabalham em lojas e supermercados, por exemplo, viu os ganhos subirem 10% nos últimos 12 meses.
No Brasil, diz Cassiolato, o Banco Central está elevando juros com a economia em frangalhos, desemprego em alta e encolhimento de renda.
"Isso trava o crescimento", diz Cassiolato, que lembra que a previsão do time de economistas da XP, é que a economia brasileira fique estagnada este ano.
A estimativa do time da XP é que a inflação medida pelo IPCA caia para 5,2% este ano. Para Cassiolato, a prórpia estagnação da economia faz com que os preços subam menos.