Após pedir folga de R$ 2,8 bi para policiais, Guedes critica reajuste salarial
Segundo o ministro da Economia, o pedido de aumento chega a ser uma 'desonra' com as futuras gerações
Depois de enviar um pedido de R$ 2,8 bilhões ao Congresso para ser possível conceder reajuste salarial de policiais em 2022, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta sexta-feira (17) que aumentos geram inflação, endividamento e alta dos juros.
O aumento para policiais foi uma determinação do presidente Jair Bolsonaro.
"Se todos tiverem esses aumentos, é uma desonra com as futuras gerações. Que aí nós vamos (ver): a inflação vai voltar, nós vamos mergulhar no passado. Nós vamos nos endividar em bola de neve de novo. Juros vão subir, a inflação não terá tido uma alta temporária, será uma alta permanente", disse Guedes, em balanço de fim de ano.
O ministro disse que o país poderia mergulhar no passado com os aumentos, mas não citou diretamente o reajuste que será concedido agentes da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, do Departamento Penitenciário Nacional e de carreiras do Ministério da Justiça.
"(Se os aumentos acontecerem) O Brasil vai mergulhar num passado conhecido e tenebroso. O nosso papel é assegurar que isso não aconteça", disse o ministro.
Guedes afirmou que os aumentos têm sido solicitados por categorias, por estados e por municípios.
"Nós nos endividamos um pouco mais e transferimos recurso para estados e municípios, além de fazermos o que parecem não querer fazer. Mal nos levantamos e está cheio de estados e municípios e categorias pedindo aumento de salário de novo", disse o ministro.
Ainda sobre os aumentos, Guedes disse que pedir aumento chega a ser uma “desonra” para os contemporâneos.
"Estamos criando empregos, com o salário médio um pouco mais baixo porque a economia ainda não recuperou o seu nível e já tem gente querendo desonrar o compromisso com os contemporâneos falando "olha eu já tomei minha vacina, me dá aqui o meu aumento agora de volta".
Guedes também afirmou que a pandemia passou um período de aprendizado sobre a elevação de salários – não se pede, nem no setor público, nem no setor privado. Ele elogiou o controle que o governo fez, ao congelar os salários do funcionalismo para poder gastar mais com saúde ao longo desses anos de pandemia.
O ministro disse que países que têm entre 3% e 4% de crescimento “não precisa tirar o salário de ninguém”.
"Não precisa tirar salário de ninguém, nem precisa cortar gastos de ninguém. Basta reajustar moderadamente ou fazer com que qualquer democracia avançada faz. Há anos em que se gasta mais dinheiro na saúde, menos em segurança, menos em reajuste, funcionalismo. E há períodos que é ao contrário vamos fazer agora alguns reajustes e gastar um pouco menos", disse.