RJ: Gás encanado e GNV devem subir 50% a partir de janeiro de 2022
Naturgy vai repassar alta da Petrobras em contratos de longo prazo. Neste ano, preços subiram bem acima da inflação
Os preços do gás canalizado usado por residências, indústrias e o vendido nos postos para abastecer carros no Rio de Janeiro podem sofrer um aumento de 50% no preço a partir do próximo mês, de acordo com fontes do setor.
A informação foi antecipada pelo colunista Ancelmo Gois no último sábado.
Embora não confirme oficialmente o percentual, a Naturgy (antiga Ceg) disse que a partir do próximo mês vai incidir o reajuste no custo de aquisição do gás (molécula e transporte) comprado da Petrobras.
O reajuste da Naturgy poderá vi acompanhado de aumentos por outras empresas. Em chamadas públicas para negociar contratos de longo prazo, com vigência de quatro anos, a Petrobras estipulou este reajuste de 50% a vigorar a partir de 1º de janeiro de 2022, segundo a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás).
E ocorre depois de um forte aumento no preço do gás canalizado e do GNV este ano devido aos reajustes trimestrais praticados pela Petrobras em seus contratos de curto prazo. Até novembro, o gás canalizado residencial subiu 20,59% e o gás veicular, 37,78%, bem acima da inflação média deste ano, que foi de 9,26% no período.
De acordo com a Abegás, a Petrobras chegou a propor reajuste de 100%, mas depois reduziu esse percentual para 50%. A associação já ingressou no Cade, órgão que regula a concorrência no país, com pedido de medida cautelar para a manutenção do contrato de fornecimento atual, pelo período de um ano.
Segundo a Naturgy, o aumento a partir de janeiro "trata-se de um reajuste por parte da Petrobras em razão da alta dos preços de gás internacionais e da variação do Brent e do dólar". A concessionária disse que os custos não são gerenciáveis pela Naturgy e, portanto, "o aumento do preço não traz nenhum ganho para a distribuidora".
"Em razão da urgência e extrema relevância do tema para o Brasil e o Estado do Rio de Janeiro, a empresa também está atuando, assim como diversas entidades nacionais e fluminenses, para que o Cade paute e julgue o processo o mais breve possível, visando equacionar o tema", disse a Naturgy em nota.
No processo no Cade, a Abegás pede que os preços sejam mantidos até que sejam equacionadas pela Agência Nacional do Petróleo questões de infraestrutura e de acesso ao transporte que possibilitem maior oferta às distribuidoras.
Hoje, na prática, a Petrobras é a única empresa a oferecer o gás natural. O ministro da Economia Paulo Guedes prometeu que país teria um "choque de energia barata" com a venda de ativos da Petrobras e o aumento da concorrência no setor, mas a transferência de parte da malha de transporte de gás da estatal para outras empresas ainda não resultou num volume razoável de oferta de gás pelas concorrentes.
A Naturgy informou que fez uma chamada pública para a contratação de gás. A compra do suprimento visava atender ao mercado cativo das distribuidoras, a partir de janeiro de 2022. A oferta pública, disse a empresa, não teve outras ofertas a preços e condições técnicas viáveis, tendo sido a Petrobras a única empresa com condições de garantia de entrega.
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) defende que sejam mantidos os contratos vigentes por seis meses , renováveis por mais 6 meses, de forma a não gerar impactos opara empresas e consumidores e "visando garantir que o novo mercado de gás esteja de fato capaz de atender, de modo isonômico, todos os estados".
A Federação das Indústrias encaminhou cartas a todas as autoridades envolvidas alertando para os prejuízos, colocando em risco empregos, além de desestimular o consumo e a expansão do uso do gás natural no estado do Rio.
" Independente da solução que deve ser encontrada conjuntamente, os consumidores não podem ser reféns de um aumento que inviabiliza a continuidade de negócios e impacta toda a sociedade".
A Agenersa, que regula o setor no Rio, disse que processo ainda está sendo analisado só pode se pronunciar no dia do julgamento.