Funcionária da Alibaba que acusou chefe de estupro é demitida
Gigante chinesa do e-commerce alegou que mulher espalhou mentiras que prejudicaram a reputação da empresa
A gigante chinesa de e-commerce Alibaba demitiu uma funcionária que acusou seu chefe de estruprá-la durante uma viagem a trabalho em julho deste ano . A empresa alegou que ela espalhou mentiras que prejudicaram a reputação da companhia.
A funcionária veio a público em agosto denunciar o ocorrido após afirmar que a Alibaba não havia tomado medidas. Seu chefe, um executivo da empresa, foi desligado pouco depois devido à repercussão do episódio, que suscitou forte reação nas mídias sociais chinesas. Outros dois gerentes sêniores renunciaram ao cargo por não terem tomado providências inicialmente. Um processo criminal contra o executivo foi arquivado.
O caso trouxe a debate a cultura de trabalho tóxica na indústria de tecnologia do país e os obstáculos enfrentados pelas mulheres que são vítimas de abuso sexual. Nas redes sociais, usuários disseminaram a #MeToo (em tradução livre, "eu também") para conscientizar sobre os assédios sofridos por mulheres.
Quatro meses depois, a funcionária identificada apenas como Zhou está sendo contestada pela empresa. Ela soube de sua demissão por meio de uma carta no final do mês passado, segundo o jornal americano The New York Times.
Na carta de demissão, a Alibaba diz que ela espalhou informações falsas tanto sobre o assédio quanto sobre a empresa não cuidar do caso. A companhia afirmou ainda que o episódio causou "grande preocupação social e teve um impacto negativo na empresa". Também disse que os danos provocados eram "incalculáveis".
Zhou expôs em um documento interno de 11 páginas que havia sido vítima de abuso sexual por parte de seu chefe em um quarto de hotel na cidade de Jinan enquanto ela estava inconsciente após uma noite de bebedeira com um cliente. Ela relatou ainda que no dia 27 de julho o cliente a beijou e se lembra de ter acordado no dia seguinte sem roupas e nenhuma memória do que havia acontecido.
Promotores locais anunciaram após investigações que o comportamento do executivo não se configurava crime. As autoridades, no entanto, aprovaram a prisão do cliente, que segue investigado.
Quando a acusação veio à tona, a Alibaba respondeu que implementaria uma política rígida contra o assédio sexual e criaria um canal de denúncias a seus funcionários. Na carta recente enviada a Zhou, a empresa diz que enfrenta consequências legais pelo episódio.
A companhia afirma ainda que se ofereceu para arcar com os honorários advocatícios e consulta pscicológica para a funcionária, que não teria respondido a uma tentativa de negociar sua rescisão contratual.