Presidente do Banco Central admite 'vontade' de fazer mudanças na poupança

Presidente do Banco Central, porém, destacou que alteração precisa ser lenta

Roberto Campos Neto afirmou, no entanto, que estudos poderão andar lentamente
Foto: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
Roberto Campos Neto afirmou, no entanto, que estudos poderão andar lentamente

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira (26) que a instituição tem “vontade” de fazer mudanças na caderneta de poupança, mas ponderou que qualquer alteração precisa ser feita de forma "bastante lenta".

A declaração foi feita após Campos Neto ser questionado por um empresário em um evento da construção civil sobre a possibilidade de criação de uma caderneta de poupança indexada ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país medida pelo IBGE.

"A gente tem estudado muito o tema da poupança. Existe obviamente uma vontade de fazer mudanças na poupança. A poupança tem várias conexões de direcionamento de várias coisas, o que faz com que a mudança seja bastante traumática. Você tem que fazer ela baseada numa forma bastante lenta, porque se não você pode criar ruptura no funding (financiamento) de algumas coisas", respondeu Campos Neto.

A caderneta de poupança é uma das principais fontes de financiamento do setor imobiliário.

A fórmula em vigor desde 2012 atrela a poupança à Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira definida pelo Banco Central.

Quando a Selic está em até 8,5% ao ano, a correção da poupança é limitada a 70% dos juros básicos mais a Taxa Referencial (TR, calculada pelo Banco Central atualmente zerada).

"Concordo que em algum momento a gente deveria estar pensando em anunciar uma fórmula de poupança que primeiro ela fosse mais hedgeable (passível de segurança) e depois que ela fosse mais casada com a destinação dos recursos. Isso é uma coisa que a gente tem olhado", afirmou Campos Neto.

O presidente do Banco Central ressaltou, porém, que a mudança é profunda e seria feita lentamente.

"Como é uma mudança bastante profunda, precisa ser feita com consulta pública, escutando a todos para ter certeza que a gente vai fazer uma coisa que vai beneficiar o setor financeiro", disse o chefe do BC.