Congresso só deve passar reajuste de servidores se deputados garantirem emendas

Parlamentares não são contra reajuste, mas fazem questão que não comprometa emendas

Congresso só deve passar reajuste de servidores se deputados garantirem emendas
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Congresso só deve passar reajuste de servidores se deputados garantirem emendas

Aliados do presidente Jair Bolsonaro avaliam que o Congresso deve condicionar a aprovação da promessa feita por ele de dar reajuste a todos os servidores federais à manutenção das emendas parlamentares, informa a Folha de São Paulo.

Em Dubai, o presidente Jair Bolsonaro sugeriu que a folga no teto de gastos obtida com a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios poderá ser usada para  reajuste dos servidores federais.

Aprovar a PEC, no entanto, não tem sido fácil. A proposta enfrenta resistência no Senado e o governo já fala em "fatiar" a proposta para facilitar a aprovação . Planalto aceita, entre outras concessões, tornar permanente Auxílio Brasil de R$ 400 e vincular espaço fiscal aberto a programas sociais. 

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), contrariou Bolsonaro nesta quinta-feira (18) e disse não ver espaço no texto da PEC dos Precatórios já aprovado pelos deputados para conceder aumento salarial a servidores.

"Eu absolutamente não vi esse espaço, não conheço esse espaço, os números que foram apresentados pela Economia para a Câmara dos Deputados não previam esse aumento", disse.

Não para por aí

A PEC dos Precatórios será a financiadora do  "pacote eleitoral" do presidente Jair Bolsonaro nas urnas no ano que vem. Além de bancar o Auxílio Brasil com parcelas de R$ 400 até dezembro, Bolsonaro usou o texto para justificar uma série de benefícios, como desoneração da folha de pagamentos por 2 anos, auxílio diesel, aumento para servidores, fundo eleitoral e vale-gás.

Segundo estimativas da IFI, o reajuste dos pisos constitucionais de saúde e educação e a despesa com emendas parlamentares impositivas, gastos atrelados à correção do teto de gastos, devem gerar um impacto de R$ 6,4 bilhões. 

Todas essas medidas juntas devem ter impacto de R$ 21,5 bilhões aos cofres do Tesouro. A proposta mais controversa até o momento é o reajuste para o funcionalismo.

Até mesmo o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), que é relator da PEC, reagiu às declarações de Bolsonaro. "Acho que o cobertor está muito curto e acredito que todo o esforço que estamos fazendo agora não é para atender reajuste de servidores."

Reajuste de 5%

Mesmo assim, Bolsonaro fará esforço para conceder um reajuste de 5% no salário do funcionalismo federal, o que representaria um custo de R$ 15 bilhões por ano. 

Esse valor pressionaria ainda mais o espaço reservado para emendas no Orçamento de 2022, o que dificultaria aprovação do texto na avaliação dos assessores do Planalto. 

Em caso de um reajuste inferior a 5% e que não afete os recursos para a área social e emendas, bancadas do Congresso alinhadas ao governo ou independentes devem então não se opor à medida.