Lira contradiz Bolsonaro e diz não haver espaço para reajuste salarial em PEC

Presidente da Câmara espera que haja poucas alterações em texto do Senado

Presidente da Câmara, Arthur Lira espera que Senado não devolva texto aos deputados
Foto: Pablo Valadares/ Câmara dos Deputados
Presidente da Câmara, Arthur Lira espera que Senado não devolva texto aos deputados

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta quinta-feira (18) desconhecer a abertura de qualquer espaço fiscal para o reajuste de servidores a partir da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios. O texto, aprovado por deputados e em análise pelo Senado, foi usado  por Jair Bolsonaro para sinalizar o aumento de salário ao funcionalismo.

Na terça-feira (16), Bolsonaro disse que a medida beneficiaria “todos” os funcionários públicos, “sem exceção”.

"Eu absolutamente não vi e não conheço esse espaço (fiscal). Os números que foram apresentados pela Economia para a Câmara dos Deputados não previam esse aumento. Eu penso que aquele portfólio de custos que foi amplamente divulgada para a imprensa possa ser honrado, para que a gente tenha a fidedignidade do que foi acertado nas discussões do plenário, para que seja mantido (o combinado)", afirmou Lira.

Nas últimas semanas, o governo vinha discutindo um reajuste de 5% para os servidores, o que teria um custo de R$ 15 bilhões. Esse espaço só seria aberto com a PEC, que libera R$ 91,6 bilhões no Orçamento do próximo ano.

Mais cedo, Lira esteve em reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ocasião em que debateram a tramitação da proposta, vista como fundamental pelo governo para financiar o Auxílio Brasil, programa que substitui o Bolsa Família.

"Tivemos uma reunião com Rodrigo Pacheco, também com o relator Fernando Bezerra (MDB-PE). Muito positiva. Há muitas sugestões, algumas propostas, como é normal, mas eu penso que alguns ajustes possam aprimorar a PEC. (Agora é) esperar o resultado. Deve ser (votado) na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) semana que vem e plenário dia 30. Até lá, é trabalhar para que seja uma votação tranquila e que possam ser preservados pontos importantes", disse Lira.

Diante das dificuldades nas negociações entre senadores, Lira disse ainda que espera que a proposta não retorne inteiramente para nova análise pela Câmara.

"Torço para que o texto tenha a sua aprovação mantida em 95%, 96%. Sempre há aquele dispositivo para que textos comuns sejam promulgados e alguma diferença a gente possa trazer (de novo para votar na Câmara). Acho que a Câmara já trabalhou e votou muito este ano. Não espero ter mais esse trabalho", afirmou.

Lira também deixou claro que, no momento, não há ambiente político para aprovar a reforma administrativa este ano.

"Na reforma administrativa cumprimos o que falamos, não mexemos em direito adquirido. Mas, com a pouca mobilização de quem quer a PEC e o pálido apoio do governo, não temos como trazer de novo a matéria para a pauta, como se encontra. Está pronta para o plenário (regimentalmente). Mas ela só virá ao plenário quando houver convergência de forças", argumentou.