Pessoas que recebem o Bolsa Família “não sabem fazer quase nada”, diz Bolsonaro
Presidente afirmou que não poderia acabar com o programa social porque os beneficiários não conseguem ingressar no mercado de trabalho
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou na última quarta-feira (27) que não pode acabar com o Bolsa Família porque os beneficiários do programa não conseguem ingressar no mercado de trabalho por 'não saberem fazer quase nada'. A declaração foi dada durante uma entrevista ao apresentador Sikêra Júnior, da TV A Crítica, afiliada da RedeTV! no Amazonas.
“Não tem como tirar o Bolsa Família do pessoal, como alguns querem. São 17 milhões de pessoas que não têm como ir mais para o mercado de trabalho. Com todo respeito, não sabem fazer quase nada. O que a juventude aprendeu com 14 anos de PT, tendo o ministro [Fernando] Haddad lá na Educação?”, disse Bolsonaro.
O Bolsa Família, criado no governo do ex-presidente Lula, deve ser substituído pelo Auxílio Brasil . O novo programa é a maior aposta de Jair Bolsonaro para as eleições presidenciais do ano que vem. Atualmente, 14,7 milhões de famílias de baixa renda são contempladas com o benefício, mas o governo pretende ampliá-lo para 17 milhões.
Em seguida, durante a entrevista, o presidente criticou a educação dos brasileiros, ressaltou que o país está nas últimas posições do exame do Programa Nacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) e disse que a maioria tem dificuldades para interpretar textos ou fazer contas básicas, como 7x8.
Vale lembrar que foi o próprio presidente que, em julho deste ano, errou uma conta matématica ao dizer que -4 +5 daria 9. "Nós vencemos o ano passado, estamos vencendo este. Alguns projetam já um crescimento de 5% positivo este ano. Se é 5% positivo, o ano passado foi 4% negativo, crescemos 9%", disse Bolsonaro à época ao se referir ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
A Sikêra Júnior, Bolsonaro também citou uma imagem que recentemente circulou nas redes sociais de pessoas pegando restos de ossos para se alimentarem e afirmou que, mesmo diante de situações como essa, é criticado por querer aumentar o valor do Bolsa Família.
"Você viu há poucos dias aí a fotografia de um pessoal pegando osso em um caminhão. Bateram em mim: 'olha o povo com fome'. Daí eu falo que vou dobrar o Bolsa Família — que está em R$ 192 em média para R$ 400 — [e dizem] 'olha, ele é irresponsável'", reclamou.
"Se eu fico quieto, eu estou matando o povo; se quero aumentar — que tem como aumentar —, dependo de o Parlamento votar a questão do tal dos precatórios , que já passou em comissão especial da Câmara. Eu acho que na Câmara não vamos ter problemas, não sei no Senado — a gente dá um paliativo", continuou ele.
O governo conta com a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos precatórios para abrir espaço no Orçamento e viabilizar o benefício de R$ 400 do Auxílio Brasil. O texto, que estipula um teto de gastos para essas dívidas e também permite o parcelamento delas, já passou pela Comissão Especial da Câmara e, agora, espera votação no plenário .