Ministra da Agricultura quer retomar exportações de carne bovina para China

País asiático mantém embargo há um mês, mesmo após organismo internacional garantir que casos atípicos de vaca louca no Brasil não oferecem riscos à saúde

Tereza Cristina se colocou à disposição para ir a Pequim negociar retomada das exportações de carne bovina para a China
Foto: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
Tereza Cristina se colocou à disposição para ir a Pequim negociar retomada das exportações de carne bovina para a China

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, enviou uma carta à Administração Geral da Alfândegas da China (GACC), na semana passada, colocando-se à disposição para tratar pessoalmente da demora na retomada das importações de carne bovina pelo país asiático. Embora a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) tenha mantido, há mais de um mês, o status do Brasil de país com "risco insignificante" para Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), mais conhecida por mal da vaca louca, o país asiático continua sem comprar o produto brasileiro.

Com a carta, a ministra sinalizou que irá até Pequim, se necessário, para convencer as autoridades sanitárias chinesas de que não há razão para que as exportações do Brasiil continuem suspensas. A China é um dos maiores compradores de carne bovina brasileira. Os embarques para o país somaram US$ 4 bilhões em 2020 e este ano, até setembro, as vendas estavam em US$ 3,8 bilhões.

Mutação

No início de setembro, o Ministério da Agricultura foi informado sobre a ocorrência de dois casos, em Minas Gerais e no Mato Grosso, de “origem atípica”de vaca louca — ou seja, em que a causa é uma mutação em um único animal, e não por meio de da contaminação entre dois ou mais bovinos. Com o laudo em mãos, o governo notificou os países importadores de carne bovina brasileira e suspendeu os embarques do produto para China.

Interlocutores do Ministério da Agricultura afirmaram que, com o posicionamento da OIE, a expectativa era que os chineses retomassem em breve as encomendas, o que não aconteceu. Essas fontes destacaram que o Brasil foi totalmente transparente com as autoridades sanitárias do país asiático.

Segundo a área técnica da pasta, não há risco para a cadeia de produção bovina do país, pois os animais foram atingidos de forma independente e isolada. Os casos foram confirmados pelo laboratório de referência internacional da OIE, localizado no Canadá.

O GLOBO procurou a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes, que informou que não vai comentar o tema. Também é aguardada uma manifestação do governo chinês, por meio da embaixada da China em Brasília.