Em meio à privatização dos Correios, associação alerta preocupação com Postalis

Trabalhadores da estatal acreditam em possibilidade de calote ou recuo de futuro comprador em pagar os passivos trabalhistas pendentes

Projeto que privatiza os Correios está travado no Senado e não tem previsão para ser votado
Foto: Sophia Bernardes
Projeto que privatiza os Correios está travado no Senado e não tem previsão para ser votado

Em meio as discussões sobre a privatização dos Correios no Senado, a Associação dos Profissionais da estatal (Adecap) alertou sobre a possibilidade de calote em passivos previdenciários e trabalhistas do Postalis, fundo de pensão dos funcionários da empresa de telégrafos. A Adecap deve solicitar informações aos senadores para saber como está sendo feita as negociações sobre o assunto.

"Se os Correios forem vendidos para uma empresa sem lastro, sem garantias reais para cobrir esses passivos, que somados podem superar em muito os R$ 10 bilhões, o risco de calote nos trabalhadores é significativo", disse Marcos César Alves Silva, presidente da Adecap, à jornalista Carla Araújo, do UOL .

O governo ainda negocia com o Senado a possibilidade de privatização do Postalis ou repassar as dívidas ao comprador da estatal. A medida deverá atingir diretamente mais de 134 mil trabalhadores.

A secretária especial do Programa de Parceria de Investimentos (PPI), Martha Seillier, disse que os estudos ainda estão na segunda fase e ainda não é possível adiantar quais serão os caminhos para o pagamento dos passivos trabalhistas e previdenciários.

"O Postalis sofreu muito com os erros de gestões anteriores, e trazer a eficiência privada para a companhia certamente trará mais responsabilidade também com a gestão dos recursos do fundo", disse.

"Estamos tendo muito zelo com o trabalhador dos Correios nesse processo", garantiu Martha.

O projeto que privatiza os Correios está travado no Senado e não tem previsão para ser votado. Há uma pressão do Palácio do Planalto para aprovar a proposta até o fim deste ano, no entanto, há processos mais urgentes para tramitação, como a PEC dos Precatórios e implantação do Auxílio Brasil.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou que pretende colocar os Correios à venda até o fim do primeiro trimestre de 2022.