Guedes culpa 'estados oposicionistas' pelo impacto de precatórios no Orçamento
Em entrevista à rádio, ministro diz que ações se arrastavam desde 2002 e chegaram ao governo em ano eleitoral. 'Não vou achar que é a politização da Justiça'
O ministro da Economia, Paulo Guedes, destacou na noite desta quarta-feira (15), em uma entrevista a uma rádio de São Paulo, que o grande aumento nos gastos de precatórios previstos para 2022 deve contemplar governos da oposição. Este aumento de gastos, segundo a pasta, inviabiliza os recursos necessários no Orçamento para o Auxílio Brasil, a nova versão do Bolsa Família.
"Curiosamente caem sobre nosso governo e (vão) para 2 ou 3 estados que são oposicionistas. É evidentemente que não vou achar que é a politização da justiça, não vou achar, não posso acreditar nisso, mas eu tenho que pedir ajuda ao Supremo", disse o ministro.
Mais cedo, ele havia pedido "socorro"para o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux. Mas, na entrevista à rádio, indicou que os problemas dos precatórios são de governos anteriores.
"(Os precatórios) São meteoros emitidos em 2002, sobrevoaram dois governos do Fernando Henrique, dois governos do Lula, um governo e meio da Dilma, meio governo do Temer, três anos do nosso governo e de repente eles caem no ano eleitoral e uma boa parte desses gastos são R$ 10 bilhões para a Bahia, R$4 bilhões para o Ceará, R$ 2 bilhões para Pernambuco. E caem de repente e completamente sem previsão porque dos 10 últimos dias de prazo esses meteoros que foram lançados em 2002", disse.
Ainda na entrevista, ele chegou a comentar a sugestão de alguns políticos de retirar os precatórios do teto de gastos, regra fiscal que impede o aumento das despesas do governo acima da inflação:
"Ai vem uma outra sugestão do TCU dizendo o seguinte, respeitem o teto. Se o Executivo é obrigado a respeitar o teto porque quando vem o comando do judiciário ele vai ficar fora do teto, ele devia também seguir o teto. Da mesma forma que quando vem o comando do Legislativo, por exemplo o Fundeb ficou fora do teto", afirmou.
"Agora o judiciário fica fora do teto, amanhã vamos fazer o auxílio emergencial fora teto. Vamos acabar com o teto então, eu acho muito bom, uma geração política que tiver coragem de assumir os orçamentos públicos não precisa de teto", concluiu Guedes.