Banco do Brasil e Caixa Econômica recuam e decidem ficar na Febraban
Presidente do BB disse que crise está encerrada e vai pedir alterações no regimento da Febraban para ampliar os debates e evitar crises futuras
O presidente do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro, afirmou que o comunicado divulgado na noite dessa quinta-feira (2) pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) encerra a crise provocada com a ameaça dos bancos públicos de se separarem da entidade. Ele disse que o BB continua como associado e que a Caixa Econômica Federal, a princípio, também. Ao iG, uma fonte confirmou que a Caixa continuará na Febraban.
"A direção do BB entende que o caso foi encerrado. Na nota, a Febraban meniconou que vai se desvincular do manifesto da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) e para nós, isso já é suficiente", disse Fausto ao GLOBO. A Caixa comunicou que "o caso está encerrado e não tem mais nada a acrescentar".
A adesão da Febraban ao manifesto da Fiesp em defesa da harmonia entre os Poderes gerou conflitos entre os bancos públicos e a corporação. A publicação do manifesto estava prevista para esta semana, mas foi adiada para depois do feriado de 7 de setembro.
"Nós entendemos que a Febraban deve ter uma atuação técnica, em defesa dos interesses do conjunto de seus associados", destacou Ribeiro.
Ele confirmou que se envolveu pessoalmente no episódio para resolver o impasse com a organização. Amigo do presidente da entidade, Isaac Sidney, Fausto Ribeiro contou também com o apoio do presidente do conselho da federação dos bancos, Pedro Moreira Salles. O comunicado da Febraban teve a digital de Salles.
Ribeiro disse que vai propor à entidade mudanças no regimento, no que se refere a decisões sobre temas sem relação com o setor financeiro. A ideia é exigir quórum qualificado (ou seja, presença de dois terços dos associados) e amplo debate das propostas.
Segundo fontes envolvidas nas discussões, a Febraban optou por não atender os pedidos dos bancos públicos para que fosse realizada uma nova votação sobre a adesão do grupo ao manifesto da Fiesp para não fragilizar a instituição.
Isso poderia evidenciar uma ruptura na corporação, o que não seria recomendável institucionalmente, disse um executivo. Além do BB e da Caixa, outras organizações financeiras, principalmente estrangeiras, passaram a demonstrar incômodo com a situação ao serem alertados pelas matrizes sobre envolvimento em disputa política.
O problema começou há cerca de 10 dias, quando os bancos públicos tomaram conhecimento dos termos do manifesto da Fiesp e se colocaram contra a adesão da Febraban ao documento.
Esse movimento foi liderado pelo presidente da Caixa, Pedro Guimarães. O BB entendeu que deveria se manter alinhado, o que foi comunicado ao ministro da Economia, Paulo Guedes.
O BB, então, solicitou à Febraban que submetesse a decisão à votação dos filiados. Isso foi feito por e-mail, na semana passada, quando os bancos responderam à pergunta se eles concordavam com a adesão “ao manifesto em favor do Brasil”. Apenas BB e Caixa votam contra e foram vencidos por maioria.
Depois da repercussão negativa, na noite de segunda-feira, Fausto fez uma videoconferência com representantes dos sete maiores bancos filiados à Febraban, na tentativa de construir uma solução para o problema. Ele aproveitou que o manifesto da Fiesp tinha sido adiado.
O pedido de uma nova votação foi feito depois dessa reunião. Até quinta-feira, as conversas foram intensas, segundo relatos, e conduzidas por Ribeiro, sem a participação direta de Pedro Guimarães. O clima entre Guimarães e o presidente da Febraban não está amigável e o episódio deixará cicatrizes, contou uma fonte.
Segundo esse interlocutor, com o aumento da polêmica em torno do caso, o presidente Jair Bolsonaro decidiu se manter distante do caso.