Mourão diz que pode haver racionamento; Albuquerque nega: "Risco zero"
Governo criou uma bandeira tarifária 50% mais cara para conter o gasto com energia
O vice-presidente Hamilton Mourão foi perguntado sobre a taxa extra nas contas de luz, que subirá de R$ 9,49 para R$ 14,20 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos
. Segundo o general, o governo está se precavendo, mas há a possibilidade de racionamento de energia.
"O que eu tenho acompanhado é que o governo tomou as medidas necessárias, criou uma comissão para acompanhar e tomar as decisões a tempo e a hora no sentido de impedir que ocorra isso aí que você [repórter] colocou, que haja apagão. Agora, pode ser que tenha que ocorrer algum racionamento", declarou Mourão em coletiva nesta quarta.
Ao mesmo tempo, o ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque concedeu entrevista à CNN Brasil em que afirma ser zero o risco de racionamento.
“Pelo contrário. Estamos tentando mostrar a gravidade da situação hídrica para que, de forma voluntária, os consumidores poupem energia. Assim, não vamos precisar importar, poderemos reduzir o uso da termelétricas e daremos mais flexibilidade ao operador do sistema”, diz.
As versões conflitantes demonstram a maneira como o governo tem lidado com a pior crise hídrica nos últimos 91 anos, segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS). Os reservatórios do Sudeste e do Centro-Oeste, por exemplo, estão com 21,3% da capacidade de armazenamento.
Nova tarifa
Para conter os gastos, o governo manterá a "bandeira de escassez hídrica" até abril de 2022. O que acontece, na prática, é que o valor a cada 100 kWh fica 50% mais caro que o patamar vermelho 2.
O diretor-geral da Aneel, André Pepitone, explicou que a bandeira será necessária para custear as despesas financeiras decorrentes das medidas para driblar a crise hídrica.
"Assim, tendo em vista o déficit de arrecadação já existente, superior a R$ 5 bilhões, e os altos custos verificados, destacadamente de geração termelétrica, foi aprovada determinação para que a Aneel implemente o patamar específico da Bandeira Tarifária, intitulado 'Escassez Hídrica', no valor de R$ 14,20 (a cada 100 kWh), com vigência de 1º de setembro de 2021 a 30 de abril de 2022", informou o governo em nota.