Febraban rebate Guedes e diz que manifesto não é ataque contra governo
Segundo entidade, texto defende harmonia entre poderes e não faz críticas políticas
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) emitiu uma nota rebatendo as declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que o manifesto assinado por entidades seria um 'ataque contra o governo'. Nesta segunda-feira (30), Guedes disse que o manifesto de represálias contra as ações do Palácio do Planalto era liderado pela Febraban.
Segundo a entidade, o manifesto é em defesa da "serenidade, harmonia e colaboração entre os Poderes da República" e negou ter participado da elaboração do texto que deverá ser divulgado após o feriado de 7 de setembro. A Febraban ressaltou que o texto foi redigido e assinado por representantes de vários setores, inclusive financeiro.
A Febraban concluiu a nota afirmando que o manifesto "alerta para os efeitos do clima institucional nas expectativas dos agentes econômicos e no ritmo da atividade".
Nas últimas semanas, a Praça dos Três Poderes passa por crise institucional após o início dos ataques do presidente Jair Bolsonaro contra ministros do Supremo Tribunal Federal. Bolsonaro, inclusive, apresentou um pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, o que aumentou a tensão entre os Poderes.
Devido aos receios sobre os reflexos da crise em Brasília, a Fiesp lidera um manifesto de defesa de harmonia entre as instituições da República. O texto era para ser divulgado nesta terça-feira (31), mas foi adiado e deve ser publicado apenas na próxima semana.
Após a Febraban assinar o documento, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil ameaçaram deixar a entidade, com aval de Bolsonaro e Guedes. A ameaça é vista por especialistas como forma de 'censura' à Febraban.
Confira a nota completa da Febraban
"O manifesto “A Praça é dos Três Poderes”, articulado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e apresentado na última quinta-feira às entidades empresariais com prazo de resposta até 17 horas da sexta-feira, é fruto de elaboração conjunta de representantes de vários setores, inclusive o financeiro, ao longo da semana passada.
Desde sua origem, a FEBRABAN não participou da elaboração de texto que contivesse ataques ao governo ou oposição à atual política econômica. O conteúdo do manifesto pedia serenidade, harmonia e colaboração entre os Poderes da República e alertava para os efeitos do clima institucional nas expectativas dos agentes econômicos e no ritmo da atividade.
A FEBRABAN submeteu o texto a sua própria governança, que aprovou ter sua assinatura no material. Nenhum outro texto foi proposto e a aprovação foi específica para o documento submetido pela FIESP. Sua publicação não é decisão da federação dos bancos. A FEBRABAN não comenta sobre posições atribuídas a seus associados".
Leia a íntegra do manifesto que deve ser divulgado na próxima semana
" A praça é dos três poderes
A praça dos três poderes encarna a representação arquitetônica da independência e harmonia entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, essência da República. Esse espaço foi construído formando um triângulo equilátero, cujos vértices são os edifícios-sede de cada um dos poderes.
Esta disposição deixa claro que nenhum dos prédios é superior em importância, nenhum invade o limite dos outros, um não pode prescindir dos demais. Em resumo, a harmonia tem de ser a regra entre eles.
Este princípio está presente de forma clara na Constituição Federal, pilar do ordenamento jurídico do país. Diante disso, é primordial que todos os ocupantes de cargos relevantes da República sigam o que a Constituição nos impõe.
As entidades da sociedade civil que assinam este manifesto veem com grande preocupação a escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades públicas. O momento exige de todos serenidade, diálogo, pacificação política, estabilidade institucional e, sobretudo, foco em ações e medidas urgentes e necessárias para que o Brasil supere a pandemia, volte a crescer, a gerar empregos e assim possa reduzir as carências sociais que atingem amplos segmentos da população.
Mais do que nunca, o momento exige do Legislativo, do Executivo e do Judiciário aproximação e cooperação. Que cada um atue com responsabilidade nos limites de sua competência, obedecidos os preceitos estabelecidos em nossa Carta Magna. Este é o anseio da Nação brasileira."