Guedes defende tarifa menor no Mercosul para 'travar' inflação no Brasil
Ministro voltou a defender a abertura comercial brasileira e defendeu que o país não pode ficar preso a "amarras ideológicas" do bloco
O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu, nesta quinta-feira (19), a redução imediata de 10% das alíquotas de importação usadas pelo Mercosul no comércio com outros países. Guedes argumentou que, além da necessidade de modernizar o bloco, a queda das tarifas será importante para combater a alta da inflação.
"Baixar em 10% as tarifas de importação dará até uma travada na alta da inflação e aumentará a oferta de alimentos, aço, materiais de construção, entre outros", afirmou o ministro, em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado.
Paulo Guedes atacou a forma como está o Mercosul. Segundo ele, o bloco não corresponde mais às expectativas que existiam quando foi criado, há 30 anos, e foi perdendo importância em relação a outros parceiros internacionais por duas razões: as elevadas alíquotas que fazem parte da Tarifa Externa Comum (TEC) e o impedimento de um dos sócios negociar acordos comerciais em separado dos demais integrantes.
Ele reiterou que a abertura comercial será acompanhada da redução do Custo Brasil. O ritmo será gradual e previsível, para que a base produtiva brasileira não seja desorganizada.
"O Brasil não pode ser prisioneiro de negociações ideológicas, que atrasam o progresso brasileiro. Somos liberais democratas, queremos fazer integração, mas não somos trouxas, pois vamos preservar nosso parque industrial produtivo", assegurou o ministro.
A proposta inicial de Guedes era de uma redução de 20% das tarifas, que acabou suavizada para 10% em 2021 e 10% em 2022. A Argentina não aceitou e fez duas alegações: a situação econômica do país e o efeito da queda das alíquotas sobre a indústria local.
Já a possibilidade de um integrante do Mercosul negociar com terceiros mercados em separado dos demais sócios do bloco é uma ideia defendida há mais de 20 anos pelo Uruguai. Porém, uma resolução de 2000 passou a considerar que acordos com redução de tarifas com outros países só podem ser fechados em conjunto.
"O Mercosul está ficando irrelevante para o Brasil. A Argentina não precisa participar, se não puder neste momento", afirmou o ministro da Economia.