Guedes falta audiência da Câmara e é acusado de "odiar pobre"

Técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) encontraram distorções em dados da Previdência

Paulo Guedes, ministro da Economia, prestará esclarecimentos em comissão na Câmara dos Deputados sobre distorções em dados previdenciários
Foto: Reprodução: iG Minas Gerais
Paulo Guedes, ministro da Economia, prestará esclarecimentos em comissão na Câmara dos Deputados sobre distorções em dados previdenciários

A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados  convocou nesta quarta-feira (30) o ministro da Economia, Paulo Guedes . A convocação se deu em meio à denúncia do Tribunal de Contas da União (TCU) de que o governo teria alterado artificialmente a previdência dos militares . O ministro, no entanto, não compareceu.

Guedes enviou um e-mail às 21h de ontem (29) explicando que as contas são de responsabilidade de Bolsonaro. O deputado  Aureo Ribeiro , presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle classificou como "intolerável" o tratamento despendido com a Câmara. Guedes marcou para o dia 7 de julho a próxima audiência.

Ele ainda acusou o ministro de " odiar pobre ". "Temos quase 15 milhões de desempregados segundo o IBGE. Milhões de pessoas tem dificuldade de pagar suas contas e estão passando fome no Brasil. Esse ministro que não tem apreço pelo parlamento, que odeia podre, que fala e se arrepende na televisão brasileira, não quer explicar o aumento do preço do feijão, do óleo e agora da energia elétrica".

O autor do requerimento, deputado Leo de Brito,  disse que é um "escárnio" a falta de Guedes e ameaçou processá-lo por crime de responsabilidade.

Acusações

O governo Bolsonaro reduziu propositalmente a estimativa de gasto com a previdência militar em R$ 45,5 bilhões , segundo auditoria do TCU. Para compensar, inflou o gasto com servidores em R$ 49,2 bilhões.

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Guedes foi convocado após faltar a audiência conjunta das comissões de Fiscalização Financeira e Controle, e de Defesa do Consumidor no último dia 9. 

A audiência com o ministro foi proposta pelo deputado Leo de Brito (PT-AC) e apoiada pelos deputados Elias Vaz (PSB-GO), Padre João (PT-MG), Vanderlei Macris (PSDB-SP) e Kim Kataguiri (DEM-SP).

Brito cita matéria do portal G1, segundo a qual os técnicos do TCU identificaram diferenças bilionárias nas projeções feitas pelo governo federal, em 2020, sobre os regimes de previdência e benefícios pagos aos militares.

"Em documento preliminar, os técnicos apontam que essas distorções são causadas, em grande parte, por uma defasagem das fórmulas usadas pelo governo nas projeções", explica o deputado.

No regime de servidores federais, os técnicos apontam "superavaliação" de R$ 46,9 bilhões no passivo previdenciário. "Em outras palavras, o TCU diz que a projeção de valores a serem desembolsados no futuro para pagar a previdência dos servidores está inflacionada", critica Brito.

"Em contrapartida, no caso dos benefícios de militares inativos, os técnicos detectaram um problema oposto ao do regime dos servidores federais: as cifras foram subavaliadas em R$ 45,47 bilhões", compara o parlamentar.