Restrições na transmissão impedem que energia do Norte seja levada ao Sudeste

Agora, Sul e Sudeste dependem também da energia eólica gerada no Nordeste

Foto: Betto Silva/Norte Energia
Sítio Pimentel. Segundo a Norte Energia, a usina Belo Monte está com mais de 87% das obras civis concluídas


Segundo a ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), a grande capacidade de transporte de energia da região Norte poderia ter reduzido o uso da geração térmica de energia no Sul e Sudeste. 

Mas, por causa de restrições na rede brasileira de transmissão de energia, os reservatórios das hidrelétricas das regiões que entram em período de seca entraram em níveis alarmantes. Com fortes chuvas desde o início do ano, as hidrelétricas do Norte estão com 84% de sua capacidade de armazenamento de energia -- quase o triplo do subsistema Sudeste/Centro-Oeste.

Ao jornal Folha de S.Paulo, a ONS cita os atrasos na conclusão do sistema de transmissão que interliga a Belo Monte, no Pará, ao Sudeste -- ele ficará totalmente pronto apenas em novembro.

Mesmo com as intercorrências na transmissão, a energia da região Norte tem sido essencial para garantir suprimendo ao Sul e Sudeste. Em abril, a transferência de energia entre as regiões bateu recorde histórico de 9.634 MW (megawatts) médios, segundo informações da Folha.

Mas, segundo a ONS, agora as duas regiões terão que contar com a energia eólica gerada no Nordeste, já que o período de maior disponibilidade hídrica no Norte já passou. 

Apesar de ter passado por reformas nos últimos anos, o sistema que interliga o Nordeste ao Sudeste e Centro-Oeste também tem gargalos. Estas falhas foram provocadas, principalmente, pela quebra da espanhola Abengoa, que venceu leilões para a construção de grandes ramais.

O ONS diz, no entanto, que uma maior capacidade de transferência de energia não teria ajudado a preservar água nos reservatórios do Sudeste. Isso por causa dos limites mínimos de vazão nas principais barragens para atender a outros usuários rio abaixo.

Por isso, flexibilizar essas restrições é um dos focos do governo para evitar racionamento. A ANA (Agência Nacional de Águas) já emitiu um decreto de emergência hídrica que prevê a possiblidade de alterar as outorgas para captação de outros usos, como a irrigação, segundo informações da Folha.