Empresas que apoiaram o movimento negro tem menos diversidade que as demais

Empresas que prestaram solidariedade tinham em média 20% menos funcionários negros

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Movimento 'Vidas Negas Importam' cresceu após o assassinato de George Floyd

Depois que o assassinato de  George Floyd no ano passado gerou protestos generalizados, dezenas de empresas  lançaram promessas públicas para promover a justiça racial . No entanto, seu apoio à comunidade negra não se refletiu na diversidade de suas forças de trabalho.

Um novo estudo sobre o perfil dos funcionários na indústria de tecnologia descobriu que as empresas que fizeram declarações de solidariedade tinham em média 20% menos funcionários negros do que aquelas que não o fizeram.

A descoberta destaca uma lacuna entre o que as empresas dizem sobre questões sociais e o que efetivamente fazem em seus locais de trabalho, disse Stephanie Lampkin, fundadora e diretora executiva da Blendoor, que conduziu o estudo.

A Blendoor, uma start-up que ajuda empresas a recrutar um grupo diversificado de candidatos, analisou dados disponíveis publicamente sobre 240 das empresas de tecnologia mais proeminentes. Apesar das deficiências de muitas empresas que divulgam declarações sobre o Black Lives Matter, as promessas podem ter um sério impacto.

Seus compromissos financeiros ultrapassaram US$ 4,6 bilhões, mais do que o dobro das promessas feitas nos seis anos anteriores combinados, de acordo com o relatório.

Revendo as informações divulgadas pelas empresas nos últimos seis anos, a Blendoor analisou as tendências na diversidade do local de trabalho, políticas de inclusão e programas de recursos humanos, como licença parental, regime de trabalho flexível e recrutamento de grupos sub-representados.

Constatou, por exemplo, que a Pinterest tinha as políticas e programas mais robustos para o recrutamento de mulheres; Mozilla tinha o melhor programa para recrutar minorias sub-representadas.

McKesson obteve a maior pontuação na classificação da Blendoor de apoio às mulheres na liderança, enquanto a HP encabeça a lista de minorias sub-representadas na liderança.

A análise revelou descobertas mais amplas em centenas de empresas. Os asiático-americanos têm a maior lacuna entre sua representação em empregos básicos de tecnologia e na liderança, e as mulheres asiático-americanas têm a menor probabilidade de progredir para cargos executivos.

As mulheres executivas mais comumente têm cargos de nível C com foco em áreas como RH, marketing ou diversidade, e essas funções estão entre as menos prováveis de serem indicadas para conselhos corporativos.

O levantamento também descobriu que 36% dos diretores do conselho são mulheres ou pessoas negras, com a maioria deles sendo formada por mulheres brancas ou homens asiáticos.

Lampkin, que começou a programar na adolescência e formou-se na Stanford University e no Massachusetts Institute of Technology, passou anos tentando encontrar as ferramentas tecnológicas certas para apoiar os esforços de diversidade. Ela fundou a Blendoor em 2015 como um aplicativo móvel de correspondência de empregos.

À medida que mais empregadores se interessavam em prevenir o preconceito inconsciente na contratação, o aplicativo começou a apresentar os candidatos em um ambiente às cegas, sem fotos ou nomes.

Em 2017, a Blendoor começou a avaliar os esforços gerais de diversidade das empresas, usando metodologia semelhante ao último relatório.

Fora de sua empresa, Lampkin também administra uma rede para mulheres negras em tecnologia, chamada Visible Figures, onde os membros negociam financiamento, assessoria de imprensa, recomendações e conexões. Lampkin disse que está otimista sobre o impulso para a diversidade em tecnologia, dada a taxa de mudança nas últimas décadas, mas que o setor está muito longe da paridade.

“Precisamos de todas as mãos no convés para isso realmente mudar”, disse Lampkin. “Tem que haver uma mudança de paradigma, que eu acho que ainda não está acontecendo”.