Economistas passam a prever recessão por segunda onda de Covid e vacinação lenta
Expectativa é de queda do PIB no 1º e 2º trimestres, momento em que o país vive o pior momento da pandemia
O pico da segunda onda da pandemia no Brasil , com as mortes se aproximando de 4 mil por dia , derruba as expectativas para a economia este ano. Com o agravamento da crise sanitária e a vacinação lenta, mais economistas estão prevendo uma nova recessão no início de 2021, com dois trimestres seguidos de recuo do Produto Interno Bruto (PIB).
A reação econômica este ano e em 2022 não será suficiente para o país se recuperar da recessão da Covid-19. Somente em 2023, o país pode voltar aos níveis de antes da crise, de acordo com as previsões.
"Dada a evolução da pandemia e o ritmo lento de vacinação, o mais provável é que o país passe por uma recessão técnica no primeiro semestre. Enquanto a crise sanitária não for resolvida, não vai ter retomada robusta", afirma ao jornal O GLOBO Adriano Laureno, economista sênior da Prospectiva Consultoria.
Carlos Kawall, diretor da ASA Investments, afirma que o recrudescimento da pandemia em março anulou o bom momento de janeiro e fevereiro, mesmo com o fim do auxílio emergencial . Ele estima uma queda de 0,5% do PIB no primeiro trimestre frente ao fim do ano e mais um novo recuo de 2% no segundo trimestre.
A previsão é que o PIB cresça 2,3% em 2021 e 1,5% em 2022. O resultado combinado dos dois anos, portanto, não compensará a queda de 4,1% do PIB em 2020:
"Não há cenário claro de controle da pandemia , há atrasos nas vacinas. Mesmo em países que estão vacinando mais rápido, como Chile, Reino Unido e EUA, avalia-se que é preciso ampliar o distanciamento por mais tempo", diz Kawall, lembrando que entre os emergentes mais relevantes, o Brasil é o único a ter a expansão de 2021 revisada para baixo.
Nas últimas semanas, o Boletim Focus , relatório semanalmente divulgado pelo Banco Central com participação de agentes do mercado financeiro, as pesquisas têm reduzido a expectativa de alta do PIB este ano. Após quatro quedas consecutivas , espera-se um PIB de 3,18%.