Incertezas no BC fazem bolsa abrir em queda e causam instabilidade no dólar

Banco Central vê incertezas na recuperação econômica no 1º semestre e retomada 'robusta' adiante se houver avanço da vacinação

Foto: Luciano Rocha
Estados Unidos revela o que é necessário para aprovar dólar digital

O dólar opera com instabilidade nesta terça-feira (23), com cautela no exterior e após a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

Por volta de 11h20, a moeda americana era negociada a R$ 5,50 , queda de 0,25%, após já ter apresentado altas. A Bolsa, por sua vez, opera em queda. No mesmo horário, o Ibovespa tinha baixa de 0,44%, aos 114.475 pontos.

Na ata, o BC avalia que ainda existem incertezas sobre o ritmo da atividade econômica no primeiro semestre, mas que há possibilidade de uma “retomada robusta” na segunda metade do ano com o andamento da campanha de vacinação.

Segundo a autoridade monetária, ainda não existem dados concretos sobre o impacto do recente aumento de casos e mortes pela Covid-19 na economia.

O documento destaca ainda que o BC se preocupou com o aumento das projeções para a inflação para decidir aumentar os juros em 0,75 ponto percentual, contrariando as expectativas do mercado.

As projeções de inflação do Copom estão em 5% para 2021 e 3,5% em 2022. Nesse cenário a Selic chegaria a 4,5% ao ano em 2021 e 5,5% em 2022.

Um ciclo de aumento da taxa de juros pode colaborar com uma valorização do real frente ao dólar, pois ajudaria a atrair investimentos estrangeiros para o país. Contudo, questões como a situação fiscal do país e da pandemia também devem influenciar as cotações.

"O ponto relevante, a nosso ver, é que o discurso do BC, a despeito de fazer menção a uma normalização parcial, antevê uma recuperação mais forte da atividade econômica no segundo semestre e enxerga menor ociosidade no mercado de trabalho e riscos fiscais assimétricos sobre a inflação, compatíveis com a percepção de maior juro neutro na economia", escreveram analistas do Bradesco em boletim.

No cenário externo, há expectativa pela aparição do presidente do Federal reserve, Banco Central americano, Jerome Powell, e da secretaria do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen.

Ambos participam de sessão conjunta no Congresso americano para falar dos esforços do país para conter a pandemia.

Bolsas no exterior

Nos Estados Unidos, por volta de 11h20, o índice Dow Jones tinha ligeira alta de 0,02%, ao passo que o S&P e o Nasdaq operavam perto da estabilidade.

As bolsas na Europa não apresentam bom desempenho nesta terça-feira. Por volta de 09h34, a Bolsa de Londres tinha queda de 0,2% e a da França, de 0,3%. Em Frankfurt, havia leve baixa de 0,02%.

Entre as preocupações dos investidores estão os casos da Covid-19 e as restrições impostas pelos governos para evitar a propagação do vírus.

Na Alemanha, a primeira-ministra, Angela Merkel, anunciou uma prorrogação do lockdown nacional até 18 de abril. A cidade de Paris já havia adotado medidas restritivas na semana passada.

A velocidade da campanha de vacinação é desigual entre os países. Enquanto no Reino Unido, há maior celeridade, alemães e franceses se vacinam em ritmo mais lento.

As bolas asiáticas fecharam em queda nesta terça. O índice Nikkei, da Bolsa De Tóquio, caiu 0,61%, ao passo que Hong Kong registrou baixa de 1,34%. Já na China, a queda foi de 0,93%.