Bolsonaro volta a atacar governadores e diz ter investido em saúde nos estados
Em encontro online com empresários, presidente criticou medidas de restrição e voltou a defender tratamento precoce para à Covid-19
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a atacar governadores que adotaram medidas de restrição para diminuir o contágio da Covid-19 e disse que não faltou dinheiro para os estados investirem em saúde. As declarações foram dadas em um encontro virtual com empresários. O evento contou com a participação do ministro da Economia, Paulo Guedes .
Bolsonaro defendeu o tratamento precoce e diz acreditar que o lockdown não é o remédio para a pandemia. O presidente ressaltou o investimento feito pelo governo federal para a abertura de leitos de UTI .
“Quando se decidiu a política de lockdown, confinamento, fica em casa, era para dar tempo de fazer hospital de campanha, comprar respiradores, abertura de UTI e não faltou dinheiro do governo federal. Foram 800 bi com o auxílio emergencial. Não faltou dinheiro”, afirmou.
As críticas acontecem após governadores aumentarem medidas de restrição nas últimas semanas. O último a anunciar novidades no isolamento social foi o governador de São Paulo, João Dória, que, em coletiva na tarde desta quinta-feira (11), criou a “fase emergencial” como alternativa para diminuir o contágio de coronavírus .
Bolsonaro aproveitou para alfinetar o ex-diretor do Centro de Contingenciamento da Covid-19 de São Paulo, David Uip, que teria usado medicamentos indicados pelo governo federal. O presidente ainda acusou Dória de destruir o estado.
“O [governador] de São Paulo, por exemplo, vai para a destruição. O David Uip se negou a falar o tratamento que ele fez. Depois foi pego uma receita e está processando a farmácia que divulgou a receita dele. Eles não se preocupam com a população”, acusou.
Em resposta as medidas restritivas de estados, Jair Bolsonaro afirmou que a Organização Mundial da Saúde não recomenda o lockdown. Ele ainda usou casos de suicídios para reafirmas as criticas as restrições, no entanto, não apresentou provas sobre os casos apresentados.
“Ficamos praticamente um ano em lockdown. Nós estamos vendo no Brasil sérias medidas restritivas. Tivemos ontem um suicídio na Bahia, que tivemos conhecimento, pediu em carta para que o governador tome conta da sua filha. Tivemos em fortaleza pelo mesmo motivo, depressão”, afirmou
“Baseado no que fazem isso? Até mesmo a desacreditada OMS disse que o lockdown não serve para combater a pandemia”, concluiu.
A fala do presidente é rebatida pelas afirmações feitas pela OMS desde a decretação da pandemia, em março de 2020. A organização orienta o isolamento total em países com índice alto de contágio e ressalta a necessidade de estudos para decretar as restrições.
Auxílio Emergencial
Em dia de aprovação da PEC Emergencial , medida que autoriza o governo destinar R$ 44 bilhões para o benefício, o presidente Jair Bolsonaro disse que a capacidade de endividamento do país está no limite e afirmou não poder oferecer mais.
“Foram 68 milhões de pessoas que receberam o auxílio emergencial, sendo 40 milhões os invisíveis. Esses caras perderam tudo, essas pessoas que trabalharam de manhã para ter o que comer a tarde”, disse Bolsonaro.
“Nossa capacidade de endividamento está no limite. Agora estamos reservando R$ 44 bilhões para retomar os pagamentos do auxílio emergencial”, afirmou.
Bolsonaro ainda prometeu anunciar novas medidas, mas deixou em aberto a data de divulgação das propostas.
“Até quando vamos aguentar essa irresponsabilidade do Lockdown? Estamos hoje, com novas propostas para serem anunciadas”, concluiu, novamente criticando as medidas restritivas.
Economia decolando
No encontro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu as medidas econômicas propostas pelo governo federal. Segundo Guedes, o Brasil superou as expectativas de queda do Produto Interno Bruto e exemplificou países que apresentaram prejuízos maiores.
“Assim que assinada a licença para furar o teto, para gastar além da regra de ouro que não permite endividamento que não seja para investimentos. Falava para o presidente da Cãmara que precisávamos disso. Ele articulou e conseguimos o Orçamento de Guerra”, disse Guedes, elogiando, sem citar o nome, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
“Nós tivemos, no ponto de vista econômico, um sucesso na pandemia. Havia previsões de queda de 10% no nosso PIB, quem caiu isso tudo foi a Inglaterra, o Japão caiu 5%, o Brasil caiu 4%”, ressaltou.
Guedes voltou a defender a retomada econômica do país com a vacinação em massa e geração de empregos. O ministro acredita em recuperação em “V” e adiantou números da arrecadação em fevereiro.
“A economia está voltando. A arrecadação em fevereiro deste ano é recorde histórico para o mês. A economia voltou em V e está começando a decolar de novo”, afirmou.