Lula elegível: decisão de Fachin leva dólar ao maior patamar desde maio; entenda

Consultor financeiro explica porque o mercado reagiu mal à decisão do ministro do STF

Foto: Reprodução: iG Minas Gerais



A anulação dos processos contra o ex-presidente Lula pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin nesta segunda-feira (8) fez a bolsa de valores  brasileira acelerar seu processo de queda. 

Em menos de dez minutos, o Índice Bovespa saiu de uma queda de 1,50% para 2,95%. Perto das 15h56, o Ibovespa caía 3,30%, aos 111.395 pontos. O dólar subiu 1,75%, e bateu R$ 5,7719. No fechamento, o Ibovespa operava a 110.611,58 pontos, enquanto o dólar encerrou o dia em alta de 1,67% cotado a R$ 5,778 na venda. Esse é o maior valor de fechamento desde maio do ano passado.

Para o consultor financeiro Silvio Azevedo, existem alguns motivos para a queda do Ibovespa e para a alta do dólar diante deste cenário. O primeiro deles é o medo do mercado financeiro em relação a possíveis atitudes do presidente Jair Bolsonaro diante da decisão de Fachin. "Bolsonaro pode ter uma reação muito forte contra o Supremo agora, então o mercado teme uma possível revolta populista dele com a ideia de tomar poder", explica o consultor.

Além disso, a possibilidade de Lula voltar à corrida eleitoral também não agrada os investidores , o que gera essa mudança no mercado. "Em 2022, ninguém quer Lula nem Bolsonaro no mercado financeiro, porque eles dois são instáveis".

Silvio ainda afirma que a credibilidade do sistema judiciário brasileiro também assusta os investidores. De acordo com ele, o fato da decisão ter sido revertida após anos pode fazer com que o mercado desconfie de toda a Justiça do país. "O terceiro fator, que a gente tem que trazer muito à tona, é a falta de credibilidade, muitas vezes, do processo judiciário brasileiro. Isso mostra que, em um país democrático como o nosso, podem existir falhas, desvios de condutas e muita questão política, o que diminui a credibilidade no cenário internacional".

Nesta segunda-feira, Fachin concedeu habeas-corpus a Lula alegando que a 13ª Vara Federal de Curitiba não tem competência para julgar os quatro casos do petista na Lava-jato - o do triplex, o do sítio de Atibaia, o do Instituto Lula e o de doações para o mesmo instituto.