Petrobras: Conselho da empresa questiona falas e medidas de Bolsonaro

Conselheiros enviarão interpelação ainda nesta semana

Foto: Guia do Investidor
Qual o futuro da Petrobras e de outras estatais na Bolsa?


Nesta quarta-feira, o conselho da Petrobrás decidiu que irá questionar a procedência das últimas declarações do presidente Jair Bolsonaro e sua responsabilidade ao dizê-las . A medida significa que o presidente não emplacará um novo nome no comando da estatal tão facilmente quanto se pensava, diz o jornal O Globo. 

Os conselheiros vão interpelar Bolsonaro em ata e será comunicada ao jurídico da companhia. 

Desde que anunciou que substituiria o atual presidente da estatal, Roberto Castello Branco, pelo general Joaquim da Silva e Luna , Bolsonaro deu entrevistas dizendo que o salário de Castello Branco é alto demais, que ele está há 11 meses em casa sem trabalhar e que a política de combustíveis da companhia é uma caixa preta.

A Petrobras está pedindo, formalmente, que o presidente da República confirme o que disse . Como a interpelação não tem caráter de ordem judicial, Bolsonaro pode não respondê-la. Isso, porém, não impede que ele venha a ser processado pela sua fala. 

Na prática, a interpelação representa uma chance de ele se retratar, evitando maiores complicações. 

A Petrobras é uma empresa de capital aberto monopolizada pelo Estado. Isto quer dizer que todos podem comprar ações da petroleira, mas a maior acionista é a União.

A iniciativa é inédita na história da Petrobras e um tanto inusitada, já que, na qualidade de presidente da República, Jair Bolsonaro representa a União.


Reparação 


A instabilidade política e econômica provocou prejuízos para a petroleira e seus acionistas . Em razão disso, só nos últimos dias, um juiz federal de Minas Gerais deu 72 horas a Bolsonaro para explicar as mudanças na estatal;  a Comissão de Valores Mobiliários abriu duas investigações; o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União pediu que a corte avalie e julgue a troca de comando na empresa; e investidores estrangeiros começaram a preparar ações coletivas contra a Petrobras nos Estados Unidos.