Ano começa com queda do lucro para metade das empresas brasileiras, diz FGV
Entre os segmentos mais afetados, fatia de companhias em situação pior em janeiro de 2021 chega a 90%
Quase metade das empresas brasileiras começou 2021 com lucro abaixo do registrado em janeiro do ano passado, de acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Ao todo, 4.044 companhias da indústria, comércio, serviços e construção foram consultadas. Entre os segmentos mais afetados pela pandemia, até 90% disseram ter registrado queda no lucro em relação ao mesmo período de 2020.
Segundo a sondagem da FGV/Ibre, 48% das empresas brasileiras consultadas reportaram lucros menores em janeiro de 2021 em relação ao mesmo mês do ano anterior, praticamente metade das companhias. 35% informaram estabilidade, e apenas 17% dizem ter registrado lucro maior. Vale lembrar que em janeiro de 2020 a economia brasileira ainda não sofria com os efeitos provocados pela pandemia do novo coronavírus .
Os pesquisadores do Ibre avaliam que o agravamento da pandemia e o corte do auxílio emergencial devem piorar esses resultados nos próximos meses, revertendo a tendência de recuperação vista no ano passado.
Por setor, confira os resultados das empresas em janeiro de 2021 e a comparação com o ano anterior:
- Setor empresarial (geral) - 48,1% relataram queda de lucro, 35% apontaram estabilidade e 16,9% falaram em aumento de lucro;
- Indústria de transformação - Queda de lucro para 29,7%, estabilidade para 44,1% e lucro maior para 26,2% (recorde);
- Serviços - 61,5% disseram ter registrado queda de lucro, 28,6% citaram estabilidade e apenas 9,9% celebraram lucro maior;
- Comércio - 47,8% viram o lucro cair, 34,1% apontaram estabilidade e 18,1% tiveram crescimento de lucro; e
- Construção - 57,1% tiveram queda de lucro, 32,5% registraram situação estável e 10,4% cresceram.
Na indústria , no comércio , na construção e no somatório geral do setor empresarial, a queda do lucro foi de até 20% em janeiro de 2021 para a maioria das empresas na comparação com o mesmo mês de 2020. No caso do setor de serviços, entretanto, a maior fatia diz ter visto os lucros caírem entre 21% e 50% no primeiro mês deste ano.
Em todos os setores, exceto o comércio (5,6%), pelo menos 10% citaram queda de lucro superior a 50%. Novamente, os serviços tiveram o pior resultado, com 12,1% registrando perda de lucro superior a 50%.
Confira os segmentos com mais quedas nos lucros
- Indústria de vestuário - 90,2% apontaram queda de lucro;
- Indústria de couros e calçados - 86,0% viram o lucro cair;
- Indústria de veículos automotores - 65,1% tiveram lucro menor;
- Serviços de alimentação - 83,4% registraram queda;
- Serviços de alojamento - 86,8% amargaram lucro menor; e
- Comércio de tecidos, vestuário e calçados - 77,6% tiveram menos lucro.
Na contramão, veja segmentos com mais altas
- Indústria farmacêutica - 51,3% registraram lucro maior;
- Indústria de minerais não metálicos - 44,5% citaram maior lucro; e
- Indústria química - 44,0% disseram ter tido resultado melhor.
A pesquisa do Ibre/FGV também entrevistou 1.713 consumidores, perguntando a eles se tomariam a vacina e se voltariam a utilizar alguns serviços após o início da vacinação nacional. Cerca de 75% disseram que tomariam a vacina, enquanto 7,4% não tomariam. Os demais não responderam.
Entre 7% e 15% dos entrevistados disseram que já voltaram a utilizar normalmente serviços que envolvem aglomeração, como de alimentação, entretenimento, alojamento, shoppings ou transporte de avião ou ônibus.