Bolsonaro vai 'tomar pau' recriando ou não o auxílio emergencial, diz Mourão

Vice-presidente defendeu que o governo "não pode ser escravo do mercado", sugerindo apoio à volta do benefício

Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo
Vice-presidente Hamilton Mourão disse que Bolsonaro vai 'tomar pau' recriando ou não o auxílio e cutucou o mercado



O vice-presidente Hamilton Mourão comentou nesta sexta-feira (12) a possibilidade de retomada do  auxílio emergencial por conta da pandemia da Covid-19 e disse que o presidente Jair Bolsonaro "vai tomar pau" se conceder ou não o benefício.

Mourão também disse que o governo "não pode ser escravo do mercado", ao ser questionado sobre o sinal negativo que representaria um eventual novo Orçamento de Guerra ou mais um déficit recorde.

Ele argumentou que há cerca de 40 milhões de brasileiros em "uma situação difícil" e que a pandemia ainda vai continuar até que a  vacinação seja mais consistente.

Na quinta-feira, Bolsonaro declarou que que o auxílio emergencial  pode ser pago novamente a partir do mês de março, por "três ou quatro" meses, sem valor definido até o momento . O presidente afirmou, por outro lado, que benefício não pode ser eterno, citando a aposentadoria e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). E reclamou da reação do mercado:

"Pessoal do mercado, qualquer coisa que se fala vocês ficam irritadinhos na ponta da linha, né? Sobe dólar, cai a Bolsa. Pessoal, se o Brasil não tiver um rumo, todo mundo vai perder, vocês também. Então, vamos deixar de ser irritadinhos porque não vai levar a lugar nenhum ", declarou, em transmissão em suas redes sociais.

Também na quinta-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes , disse que está pronto para apresentar uma nova rodada de pagamento do auxílio, mas cobrou do Congresso, por outro lado, a aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição que estabelece um novo Orçamento de Guerra para viabilizar o benefício.

O GLOBO antecipou que seria anunciado, após o carnaval, a ampliação do auxílio emergencial por mais três meses, fora do teto de gastos .

Na manhã desta sexta, Mourão disse que o assunto está sendo tratado pelo presidente junto com a equipe econômica e com o Congresso, que estão "buscando uma solução".

"Em linhas gerais, ou você faz um crédito extraordinário, aí seria o tal do orçamento de guerra , ou corta dentro do nosso orçamento para atender as necessidades. Não tem outra linha de ação fora disso", comentou o vice-presidente.

Questionado se mais um orçamento de guerra e mais um déficit recorde seriam um bom sinal para o mercado, Mourão declarou:

"Minha gente, a gente não pode ser escravo do mercado , né? Então, tem que entender o seguinte: nós temos aí, vamos botar aí uns 40 milhões de brasileiros que estão em uma situação difícil. A gente ainda continua com a pandemia, a gente acredita que mais uns três, quatro meses a gente tenha uma produção de vacina capaz de começar um processo de imunização consistente", defendeu.

E concluiu com um comentário sobre a "situação difícil" de Bolsonaro: "Então, o presidente é obrigado a decidir para alguma forma de auxiliar essa gente. Vamos lembrar, se ele disser que não vai auxiliar, ele vai tomar pau, se ele diz que vai auxiliar, ele vai tomar pau também. Então, é uma situação difícil e julgo que ele vai buscar a melhor solução".