Presidente do BC diz que extensão do auxílio depende de ajustes fiscais

Segundo Campos Neto, contrapartidas serão necessárias para dar sinal ao mercado de que contas estão sob controle

Foto: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
Roberto Campos Neto disse que ser auxílio emergencial só poderá voltar com aprovação de medidas fiscais

O presidente do Banco Central (BC) , Roberto Campos Neto, disse nesta terça-feira (09) que há pouco espaço fiscal para prorrogar o auxílio emergencial . A declaração ocorre em meio à pressão do Congresso para estender o benefício sem aprovar medidas de ajuste fiscal.

Questionado sobre a sinalização do presidente Jair Bolsonaro de uma nova rodada de repasses , Campos Neto afirmou que, se a decisão for tomada, contrapartidas serão necessárias.

"Nós pensamos que há pouco ou nenhum espaço para mais transferências fiscais sem contrapartidas. É necessário ter certeza que você está falando para o mercado que você tem a necessidade de gastar um pouco mais, mas está tomando medidas para frear um crescimento de despesas no futuro", disse ele, durante transmissão ao vivo.

O presidente do BC vem há alguns meses defendendo uma diminuição dos gastos do governo e alertando que um aumento extraordinário de despesas pode trazer efeitos negativos para a economia, diminuindo a credibilidade do país.

"Nós passamos por um ponto de inflexão em que o mercado está nos contando que se você apenas gastar mais, a reação das variáveis do mercado à fragilidade que o país terá com a situação fiscal, o efeito vai ser pior do que os benefícios de colocar mais dinheiro na economia", afirmou Campos Neto. 

Assim como o presidente Bolsonaro, o novo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e o da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) já sinalizaram que vão avaliar uma volta do auxílio emergencial. Campos Neto vê um “consenso” hoje que qualquer medida precisa estar dentro de um quadro de disciplina fiscal.

"Em ambos, no Executivo e no Legislativo, eu vejo que há um consenso hoje que se qualquer coisa for feita, precisará ser dentro desse quadro de disciplina fiscal", completou. 

Reformas e investimento privado

Para a retomada da economia, o presidente do BC defendeu a agenda de reformas , que segundo ele, está mais próxima de começar a andar no Congresso. A aprovação essas reformas seria uma forma de gerar credibilidade para estimular os investimentos privados.

"Eu acredito que a melhor maneira para crescer é fazer mudanças que gerem credibilidade para o setor privado investir. O número um são as reformas fiscais, temos também uma reforma tributária e muitos outros pontos que estão no Congresso para serem aprovados", disse. 

A projeção para 2021 é que o crescimento seja mais fraco no primeiro trimestre e melhore apenas na segunda metade do ano. A previsão do Banco Central para o PIB deste ano é um crescimento de 3,8%.

"O primeiro trimestre ainda será fraco, o segundo, dependendo da vacinação, podemos começar a ver uma recuperação e aí acreditamos que o segundo semestre será melhor", completou o presidente do Banco Central.