Mourão muda o tom e critica resposta da embaixada da China a Eduardo Bolsonaro

Depois do Itamaraty se pronunciar,  Hamilton Mourão , vice-presidente  da república, também criticou, nesta sexta-feira (27), a resposta da embaixada da China ao deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que preside a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados. Segundo Mourão, a resposta da embaixada publicada em rede social foi “ diplomaticamente errada ”.

“É a segunda vez que o embaixador chinês reage dessa forma. Dentro das convenções da diplomacia, o camarada se sentindo incomodado com qualquer coisa que tenha acontecido no país, ele escreve uma carta para o ministro das Relações Exteriores, vai ao Itamaraty e apresenta as suas ponderações, não via redes sociais, ou então vira um Carnaval”, disse o vice-presidente na manhã desta sexta à Reuters.

A postagem que desagradou a embaixada chinesa foi feita por Eduardo na segunda-feira (23) à noite pelo Twitter. Na publicação, o deputado comemorava o apoio do Brasil à iniciativa Redes Limpas e disse que o país irá se aliar aos Estados Unidos para criar uma rede 5G “sem espionagem da China”. No dia seguinte, apagou a postagem.

Depois de comunicar ao Itamaraty o seu desagrado, a embaixada da China em Brasília publicou nas redes sociais uma carta e outras 17 publicações em sequência respondendo a Eduardo Bolsonaro.

Na publicação, a embaixada classifica o post do filho do presidente como “inaceitável” e também lembra que outras autoridades brasileiras também têm produzido declarações “infames” contra o país. A carta finaliza ainda diz que essas posições poderiam ter “consequências negativas” para a relação entre as duas nações.

Na quarta-feira (25), o Itamaraty enviou uma nota verbal classificando a resposta chinesa de ofensiva a desrespeitosa.

Mourão representa o Brasil na Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban). Ele não quis comentar sobre a publicação de Eduardo Bolsonaro, mas disse acreditar que o deputado foi orientado a apagar o post . “Acho que o deputado, quando postou e depois apagou, acho que ele deve ter recebido alguma recomendação para retirar aquilo”, disse.

A embaixada chinesa não se manifestou mais oficialmente ou pelas redes sociais sobre a carta do Itamaraty . No entanto, na quinta à noite, Yang Wanming, o embaixador, postou uma história do filósofo Confúcio, em que ele diz a um aluno: “se você quer ser respeitado pelos outros, primeiro você deve saber como respeitar os outros. Não imponha aos outros o que você não queira”.