Trainee para negros do Magalu "extrapolou" ao excluir minorias, diz defensor
Após entrar com ação civil pública contra o processo de seleção, Jovino Bento Júnior defende inclusão de indígenas e critica empresa; confira
Por Agência O Globo |
O defensor público federal Jovino Bento Júnior, que entrou com uma ação civil pública contra o programa de trainee do Magazine Luiza, o Magalu, exclusivo para candidatos negros , agora pede a inclusão de indígenas no processo de seleção da empresa e diz que ação "extrapolou os limites".
O defensor entrou com um pedido de intimação ao MPF, solicitando intervenção do órgão para se manifestar sobre a falta de inclusão de indígenas na política de contratação do Magalu . O pedido foi anexado no último dia 25 de outubro à ação civil pública, na 15º Vara do Trabalho de Brasília.
De acordo com o defensor, a intervenção do MPF é necessária porque estão envolvidos "direitos e interesses das populações indígenas".
No documento, ele diz ainda que, apesar do "bom intuito de promover o acesso ao emprego de trabalhadores negros", a medida "extrapolou os limites das ações afirmativas" praticadas no Brasil, excluindo os direitos de "outros grupos minoritários e vulneráveis".
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O defensor afirma que indígenas, ciganos, estrangeiros, asiáticos, mulheres, homossexuais, portadores de necessidades especiais, população de rua e na faixa da pobreza e idosos são afetados por não terem sido incluídos no trainee do Magazine Luiza para 2021.
Ele acrescenta que, no caso dos indígenas, "a exclusão social gerada pelas dificuldades de acesso a emprego e renda é devastadora".
Para a defensora pública federal Rita Cristina de Oliveira, coordenadora do grupo de Políticas Etnorraciais da Defensoria Pública da União (DPU), o pedido do defensor foi movido sem a tentativa de diálogo com grupos indígenas e com os próprios colegas defensores.
"Ele tenta tumultuar a demanda após as críticas (que recebeu) e constranger o MP com uma alegação que toca na sua atribuição como órgão. Ele não está preocupado com políticas afirmativas para indígenas, não sabe como funcionam as políticas para esse grupo, além de não escutar representantes de comunidades indígenas para isso", afirma Rita. "Ele não representa a DPU, embora fale em nosso nome", pontua.