A moeda brasileira, o real,
está batendo recorde de desalinhamento,
representando uma desvalorização de 40%. Segundo explica a pesquisa do especialista Livio Ribeiro, do FGV
Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), isso quer dizer que para um câmbio médio do dólar
em torno de R$ 5,40, o valor sugerido pelos fundamentos estaria próximo de R$ 3,90.
Essa desconexão se compara a 2002,
época de turbulências na moeda pela possível eleição de Lula
(PT), quando o desalinhamento foi de cerca de 30%.
“Os modelos sugerem claramente que a gente está em um momento de ‘overshooting’ cambial, ou seja, a moeda depreciou mais do que seria sugerido pelos fundamentos de longo prazo”, disse Ribeiro em apresentação da pesquisa na FGV.
“É um momento comparável a 2002 e 2003, que foi o último evento de grande depreciação da moeda, ligado à percepção de risco eleitoral na eleição do presidente Lula”, afirmou o pesquisador.
De acordo com a apuração de Ribeiro, em 2002 e 2003, a desvalorização da moeda tinha a ver com o risco político na questão fiscal, com uma possível mudança no tripé macroeconômico no governo do PT. Agora, os fatores de incerteza também são relacionados ao futuro das contas públicas e da política fiscal.
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A relação entre a taxa de câmbio brasileira e os fundamentos econômicos foi calculada utilizando um modelo aplica indicadores ligados aos fundamentos de comércio internacional (termos de troca, diferencial de produtividade e comercializáveis versus não-comercializáveis), que têm se mostrado determinantes para explicar as variações do câmbio no longo prazo.
Esse cálculo, considerando a média de oito modelos com essas e outras variáveis – juros, dívida, risco país, passivo externo, entre outras –, mostra resultados muito próximos para 2020 e também para 2002.
Ribeiro afirmou que é possível que essa diferença demore a cair. Na época do governo Lula, o real só se equilibrou com fundamentos de 2005.
Segundo os estudos da FGV, é esperada uma taxa de câmbio do dólar de R$ 5,35 em 2020 e R$ 5,55 em 2021. No cenário mais otimista desenhado pelo pesquisador, o dólar voltaria a R$ 5,30 em 2021 e, no pessimista, iria a R$ 5,80.