Setor de serviços lidera queda em empregos formais; saiba quais demitiram mais

Setores da indústria e construção civil têm liderado a recuperação dos empregos perdidos, mas números ainda estão longe do pré-pandemia

Serviços é setor que mais demitiu em 2020 devido a pandemia
Foto: MARCELLO CASAL JR./AGÊNCIA BRASIL
Serviços é setor que mais demitiu em 2020 devido a pandemia


O número de contratações com carteira assinada superou o de  demissões em agosto pelo segundo mês consecutivo, mas ainda não recuperou as perdas geradas pela pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), segundo levantamento do G1  com base em dados do Painel de Informações do Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério da Economia.


No acumulado do ano, o Brasil ainda registra perda de 850 mil vagas de emprego . A maioria dessa perda está concentrada no setor de serviços e no comércio. Em contrapartida, a indústria e a construção civil têm liderado o número de recuperação dos empregos perdidos no auge da crise após os primeiros meses de flexibilização e reabertura da economia.

Setores com crescimento e perda de cargos

O Caged mostra os setores da economia e atividades que mais perderam postos de trabalho formais no ano, e também lista as ocupações com maior número de vagas com carteira assinada criadas em julho e agosto.

As duas únicas grandes categorias que acumularam um crescimento da mão de obra com carteira assinada no acumulado até agosto são agropecuária (com mais de 98.320 vagas) e construção civil (58.464 vagas). Por outro lado, os setores mais afetados pela 'paralisação' da economia e com maior número de demissões foram comércio, alimentação fora de casa, turismo e transportes.

Vendedores e demonstradores são os mais atingidos

Ocupando o topo da lista estão "vendedores e demonstradores" como cargos que mais perderam postos de trabalho, com 249.674 empregos com carteira assinada eliminados no ano. "Garçons, barmen, copeiros e sommeliers" vem logo em seguida, com perda de 31.693 vagas; depois "escriturários em geral e assistentes administrativos", menos 92.706; "cozinheiros", menos 62.474; e os "trabalhadores auxiliares nos serviços de alimentação", menos 45.353.

O mês de agosto foi encerrado com 37,9 milhões de postos de trabalho com carteira assinada, contra 39,1 milhões em fevereiro, antes da pandemia.

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No entanto, esses números refletem apenas o emprego formal. Segundo dados do IBGE, o impacto da pandemia foi ainda maior no emprego informal . Foram 7,2 milhões de postos de trabalho perdidos no Brasil em apenas 3 meses.

Demissões por gênero, escolaridade e faixa etária

Ainda segundo os dados do Caged, as pessoas mais atingidas pelas demissões foram mulheres, trabalhadores que possuem apenas o ensino médio e profissionais na faixa de idade entre 50 e 64 anos.

Com a redução e encerramento do auxílio emergencia l, mais pessoas devem passar a disputar uma vaga de emprego, o que também passa pela flexibilização das medidas de isolamento, há mais pessoas nas ruas, e, consequentemente, mais desempregados.

Recuperação dos setores da indústria e construção

A recuperação do mercado de trabalho formal tem sido bem desigual entre os setores. Nos últimos meses, a criação de empregos formais foi puxada pela indústria e pela construção. De 390.578 vagas criadas em julho e agosto, 60% foram concentradas nesses setores.

Historicamente, o setor de serviços é responsável por cerca de 45% da geração de empregos formais no país, mas respondeu por apenas 10% entre julho e agosto.

O setor industrial entrou no quarto mês seguido de alta na produção, mesmo ainda não tendo recuperado o patamar pré-pandemia.

A construção civil, por sua vez, tem sido puxada pelo mercado imobiliário, que voltou a crescer com a queda da Selic para 2% ao ano .

Atividades que mais abriram vagas de empregos em julho e agosto

De modo geral, no topo do ranking de abertura de novas vagas está os empregos com atividades operacionais, de início de carreira e com salários médios mais baixos. O salário médio de admissão em agosto ficou em R$ 1.725, bem abaixo do nível de meses anteriores. O maior valor médio do ano, considerando a inflação, foi R$ 1.830, em abril.

Entre julho e agosto, a ocupação com maior criação de empregos formais foi a de "alimentadores de linhas de produção", com 87.935 novas vagas. Essa categoria reúne trabalhadores de bens e serviços industriais, que abastecem linhas de produção, alimentam máquinas e organizam a área de serviço.

Depois vem os cargos de "ajudantes de obras civis", com 37.565 novas vagas; almoxarifes e armazenistas, 26.380; "vendedores e demonstradores", 24.889; e trabalhadores nos serviços de manutenção de edificações, 16.551.