Bolsonaro cutuca o mercado: 'Palavra final da economia é minha e de Guedes'
Mercado financeiro reagiu mal à proposta de usar dinheiro de precatórios e da educação básica para financiar o Renda Cidadã
Por Agência O Globo |
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (7) que a "palavra final" das decisões econômicas é de duas pessoas: ele próprio e o ministro da Economia, Paulo Guedes. Bolsonaro acrescentou que não toma nenhuma decisão sem conversar com o ministro da área.
O presidente também afirmou que o Brasil respeita contratos e quer fazer nada "anormal" ou um "jeitinho", e se disse surpreso com a reação do mercado a declarações de ministros ou funcionários do segundo escalão.
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— É um país, Paulo Guedes, onde nós respeitamos os contratos. Nós não queremos fazer nada de anormal para dar um jeitinho ali, lá ou acolá. Me surpreende por vezes o mercado, por declaração de um ministro ou de um funcionário do segundo escalão, falar alguma coisa e aquilo passar ser uma verdade, a Bolsa cai, o dólar sabe. A palavra final da Economia não é de uma pessoa, é de duas pessoas. Eu e Paulo Guedes. Eu não tomo decisão sem ligar para o respectivo ministro — disse Bolsonaro, durante cerimônia no Palácio do Planalto.
Na semana passada, o mercado reagiu mal à proposta de adiar o pagamento de dívidas do governo reconhecidas pela Justiça (precatórios) e recorrer a dinheiro do Fundeb (fundo da educação básica) para financiar o Renda Cidadã. A ideia foi posteriormente descartada por Paulo Guedes.
Depois, um encontro fechado do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, com analistas de uma corretora acabou vazando, o que também mexeu com o mercado. Nesse encontro, Marinho teria dito que a ideia de financiar o Renda Cidadã com precatórios seria de Guedes e feito críticas ao colega. Guedes reagiu afirmando que, se fosse verdade, as declarações mostravam que Marinho é “despreparado, desleal e fura-teto”.