Em novo recorde, desemprego bate 13,8%; falta trabalho a 32,9 milhões, diz IBGE

Segundo dados da Pnad Contínua, divulgada nesta quarta, 13,1 milhões são considerados desempregados no trimestre encerrado em julho

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Desemprego atingiu recorde no trimestre encerrado em julho, segundo o IBGE

A crise no mercado de trabalho gerada pela pandemia agravou um problema antigo do mercado brasileiro: pouca oferta de vagas para uma demanda cada vez maior. Dados da Pnad Contínua, divulgada nesta quarta-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que entre abril e julho faltou trabalho para 32,9 milhões de brasileiros. Trata-se do patamar mais alto da série, iniciada em 2012.

O pico ocorre num momento em que o desemprego também bate recorde. No trimestre encerrado em julho, a taxa de desemprego atingiu 13,8%. Cerca de 13,1 milhões de pessoas estão nessa situação.

É a maior taxa de desemprego desde o início da pesquisa, em 2012. Na comparação trimestral, a desocupação só não foi mais alta entre fevereiro e abril de 2017, auge da crise no mercado de trabalho, quando atingiu 13,6%.

A demanda baixa da economia nesse período fez com que houvesse mais demanda do que oferta de postos. Com isso, a busca por emprego cresce em ritmo superior ao número de pessoas empregadas, levando ao aumento da taxa de desocupação. A população ocupada recuou para 82 milhões, o menor contingente da série.

Entre os subutilizados, o número avançou 4,2 milhões comparado ao período anterior a pandemia. No trimestre encerrado em fevereiro, 28,7 milhões de pessoas, o equivalente a 25,6% da força de trabalho, estavam nesse grupo que almeja uma oportunidade. Nos três meses encerrados em julho, esse percentual atingiu 30,1%, faltando emprego para 32,9 milhões de brasileiros.

O cálculo da falta de trabalho é feito a partir do que o instituto chama de subutilização. É o grupo que reúne os desempregados, os que trabalharam menos horas do que poderiam e os que estavam disponíveis para trabalhar, mas não procuraravam uma vaga.

Para Adriana Beringuy, analista do IBGE, as quedas no período mais agudo da pandemia de Covid-19 foram determinantes para os recordes negativos deste trimestre encerrado em julho.

"Os resultados das últimas cinco divulgações mostram uma retração muito grande na população ocupada. É um acúmulo de perdas que leva a esses patamares negativos", ressalta.

Especialistas afirmam que o desemprego deverá continuar crescente nos próximos meses, diante da redução do efeito renda positivo associado ao auxílio emergencial e da continuidade do processo de melhora nos indicadores econômicos, com mais pessoas buscando uma vaga e saindo do desalento. É o trabalhador que nem procurou vaga na semana, porque não achou que conseguiria.

Em julho, todos os setores da economia foram impactados pela perda de emprego ou estabilidade, principalmente os mais sensíveis às políticas de distanciamento social, como o comércio. Já o desalento bateu recorde, atingindo 5,8 milhões de pessoas.

Levantamento feito pelo economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores, mostra que há uma relação inversa entre taxa de desocupação e taxa de isolamento social. Ou seja, à medida que o indicador de distanciamento cai, o desemprego sobe, já que há mais gente saindo para procurar emprego.

A expectativa é que o pico de desemprego ocorra em meados de 2021, quando as medidas emergenciais forem completamente interrompidas.

Apesar de também avaliar o mercado de trabalho, a Pnad Contínua não é comparável com os dados da Pnad Covid , pesquisa semanal de emprego do IBGE. As metodologias das duas pesquisas são distintas.