Nestlé, Carrefour e outras gigantes pressionam fornecedores contra desmatamento
Grupo de 17 multinacionais soma US$ 1,8 trilhão em valor de mercado. Ideia é cobrar ações que inibam degradação florestal
Por Agência O Globo |
Um grupo de 17 gigantes de bens de consumo, entre varejistas e fabricantes, decidiram apertar o cerco contra fornecedores e lançaram uma aliança global contra o desmatamento, a Forest Positive Coalition of Action (Coalizão de Ação Positiva da Floresta, em tradução livre).
Participam da iniciativa, anunciada na terça-feira (22) no âmbito da Semana do Clima 2020 , o Consumer Goods Forum (CGF), multinacionais como Carrefour, Nestlé, Danone, PepsiCo, Unilever e Walmart, entre outras, que juntas somam um valor de mercado de US$ 1,8 trilhão (o equivalente a R$ 9,85 trilhões). .
A ideia do grupo é acabar com o desmatamento e com a degradação florestal nas principais cadeias de suprimentos de commodities, tais como óleo de palma, soja, papel e celulose, e impulsionar mudanças transformadoras em todo o setor industrial.
"Estamos mudando ativamente nosso modelo para nos tornarmos negócios positivos para a floresta. Estamos totalmente comprometidos em envolver os atores da cadeia de suprimentos, colocando a mão na massa e trabalhando coletivamente para catalisar a mudança", afirmou o presidente do Carrefour , Alexandre Bompard.
O Brasil deve retomar esse ano o posto de maior produtor de soja do mundo, superando os Estados Unidos, com uma safra recorde de 121 milhões de toneladas do grão, segundo a projeção revisada divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no início de setembro. O país é também o segundo do mundo em produção de celulose, atrás dos Estados Unidos.
"Acreditamos que a proteção florestal é um fator de estímulo ao crescimento econômico, não um sacrifício ao crescimento. Na esteira da crise da pandemia de Covid-19, devemos garantir que os esforços para proteger as florestas sejam parte da resposta global. Esta resposta exige que todos os atores com interesse em acabar com o desmatamento e que estão comprometidos em fazer parte da solução se unam", afirmou Grant Reid, presidente da Mars, dona de marcas como M&M's, Stickers, Twix e Uncle Ben's, em um comunicado.
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A ação da coalizão será coordenada com produtores, fornecedores, governos locais e sociedade civil.
"A ação de várias partes interessadas é crucial, particularmente o engajamento político nos níveis nacional e regional, assim como o forte apoio da comunidade de investimentos", ressalta Bompard.
A iniciativa das empresas, lançada durante a Cúpula do Impacto do Desenvolvimento Sustentável do Fórum Econômico Mundial, que está sendo realizada online nesta semana, surge no momento em que o Brasil vem sendo alvo de críticas de ONGs, empresas e investidores por não conter o desmatamento.
Neste ano, o país já vive uma fuga recorde de investidores estrangeiros, situação que pode piorar com a questão ambiental.
Na semana passada, o vice-presidente Hamilton Mourão recebeu uma carta de um grupo de oito países, liderado pela Alemanha, cobrando ações de combate ao desmatamento na Amazônia .
Nesta terça-feira, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, afirmou que o Brasil pode retaliar países que adotem políticas de boicotes a produtos brasileiros por questões ambientais. Também ressaltou que as queimadas na Amazônia têm um fator criminoso, mas defendeu que incêndios no Pantanal foram acidentais.
A declaração foi feita pouco antes do discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral da Organização Nacional das Nações Unidas (ONU). Bolsonaro disse que o país vive uma campanha de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal. Os dois biomas vem registrando aumento de queimadas e desmatamento.
Conheça as empresas que integram a aliança
- Carrefour;
- Colgate-Palmolive Company;
- Danone;
- Essity;
- General Mills;
- Grupo Bimbo;
- Jerónimo Martins;
- Mars, Incorporated;
- METRO AG;
- Mondelēz International;
- Nestlé;
- P&G;
- PepsiCo;
- Sainsbury's;
- Tesco;
- Unilever; e
- Walmart.